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DOIS LADOS DO AMOR – Um belo partir de corações! (Estreia em 12/03)

Dois Lados do Amor

Pode o amor vencer qualquer coisa? Ou melhor, pode ele sobreviver e superar qualquer coisa, mesmo uma dor inimaginável? Essa é a pergunta que faz Dois Lados do Amor (The Disappearance of Eleanor Rigby: Them), drama romântico de Ned Benson, que escreve e dirige aqui seu primeiro longa-metragem. É uma estreia impressionante e promissora, dada sua visão única e particular e também sua segurança ao comandar esse ousado e diferente projeto, que na verdade consiste em três filmes diferentes que contam a história de um mesmo casal em um mesmo espaço de tempo, mas sob pontos de vista diferentes. Os dois primeiros, “Ele” e “Ela”, foram exibidos em 2013 no festival de Toronto. O que vemos aqui é a terceira versão, “Eles”, uma junção dos outros dois, que foi exibida em 2014 em Cannes, e se trata de uma linda história de dor, perda, amadurecimento, identidade e sobretudo amor.

Dois Lados do Amor

Depois de um ótimo prólogo, que mostra de maneira bela e poética a paixão entre o casal Connor (James McAvoy) e Eleanor (Jessica Chastain), o filme já começa com a triste dissolução desse relacionamento e aos poucos vai nos revelando como e porque eles chegaram naquele ponto e também como eles irão lidar com esse término e com a nova e confusa fase de suas vidas. Eleanor irá voltar para casa de seus pais sem ao menos comunicar Connor e retomará os estudos pra tentar reencontrar um sentido, uma meta pra sua vida, enquanto seu marido, perdido, lidará com problemas financeiros em seu restaurante e uma relação problemática com seu pai. Tudo isso enquanto tenta encontrar sua esposa e resolver a situação com ela.

Dois Lados do Amor

O título original, que seria O Desaparecimento de Eleanor Rigby, funciona muito bem em dois níveis, já que se para o marido ela desaparece de sua vida sem deixar notícias, para a própria Eleanor é como se ela estivesse desaparecendo também como pessoa. Em vários momentos ela diz que não sabe direito quem ela é e a acompanhamos em busca dessa identidade. Apesar do filme estar dividido entre as visões e vidas dos dois personagens, é a história dela que carrega o filme. Não que a parte de Connor não seja interessante. Ele é um ótimo personagem, que mistura charme e romantismo com um gênio difícil, por vezes imaturo, e uma fúria e angústia internas prontas pra explodir a qualquer momento. Tudo isso encapsulado em mais uma excelente atuação de James McAvoy. Porém, é a brilhante performance de Jessica Chastain e sua bela, irresistível, perdida e dolorosamente vulnerável Eleanor o coração desse filme. Jessica tomou Hollywood de assalto com uma série de boas atuações, conseguindo um bom papel atrás do outro e sempre estando à altura deles e faz aqui, na minha opinião, a melhor e mais poderosa interpretação de sua carreira, mergulhando em emoções profundas sem nunca perder a naturalidade.

Dois Lados do Amor

Mas o que seria de um bom romance sem a famosa química entre o casal principal? Mesmo que na maior parte do tempo acompanhemos os rumos separados de cada um, e ambos os personagens e histórias sejam interessantes, ajudadas pelo ótimo e luxuoso elenco de apoio, que inclui William Hurt, Isabelle Huppert, Viola Davis, Bill Hader e Ciarán Hinds, se as cenas dos dois juntos não funcionassem, a experiência toda não faria sentido. Felizmente, todas elas funcionam muito bem e são o ponto alto do filme, chegando por vezes ao sublime, com belos diálogos e emoção à flor da pele.

Dois Lados do Amor

Se há uma crítica a ser feita ao filme, é que em alguns momentos o visual e o figurino são tão belos que parecem pouco naturais, quase saídos de um comercial de alguma marca chique. Porém, beleza em excesso não chega a ser exatamente um problema e não está totalmente fora do contexto do filme. Entre os acertos está também a bela trilha sonora, composta por canções de Son Lux, Cat Power, Orchestral Manoeuvres in the Dark e outros, que ajudam a construir o clima melancólico da narrativa.

Dois Lados do Amor

Dois Lados do Amor é o melhor filme romântico dos últimos tempos e nos deixa curiosos e ávidos para ver as versões “Ele” e “Ela”, que com sorte chegarão aqui em DVD. Numa época em que uma grande parte dos filmes são feitos para nos entreter por duas horas e serem prontamente esquecidos, é bom ver um como esse, que ficará com você muito tempo depois de sua maravilhosa cena final e do inevitável acender das luzes.

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