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Os 33 – Eficiente!

Poster Os 33

Em um primeiro olhar, Os 33 (The 33) parece aquele tipo de filme oportunista e tardio, afinal, já se foram cinco anos desde o desabamento da mina San José, no Chile, onde trinta e três mineradores ficaram mais de dois meses presos, cerca de 700 metros abaixo do nível do mar. O caso ainda é relevante, claro, mas vale assistir a um filme que o mundo todo já sabe o final? Vale quando existe um esforço para entregar um drama convincente, sem apostar apenas na força de um fato comovente.

 

A diretora mexicana Patricia Riggen, com apenas dois outros créditos no cinema, poderia facilmente ter se acomodado ao trabalhar com a adaptação de um fato tão marcante por si só, porém, conseguiu construir uma narrativa funcional. O contrastante início festivo do filme nos apresenta os personagens, seguido pelo transporte deles até a mina para mais um dia de trabalho. Existe o clichê do aviso de perigo ignorado, mas a partir do momento em que os personagens entram na mina, nosso conhecimento prévio do desastre já se encarrega de criar a sensação de perigo. Quando o desabamento ocorre, e não demora muito, a correria convence na tensão e entramos na história. Pronto! Os trinta e três do título estão presos, com pouca água, pouca comida e quase nenhuma esperança.

Os 33

 

Segue a tentativa de abafar o caso, enquanto o governo do Chile se preocupa apenas com sua imagem.  Apostando que há sobreviventes, a única pessoa ali realmente a favor de um resgate é o ministro Laurence Golborne (Rodrigo Santoro), apesar de todas as muitas dificuldades técnicas envolvidas na perfuração. Enquanto isso, familiares cobram soluções, acampados na área. Debaixo da terra, o drama do grupo é bem maior, com desconforto claustrofóbico bem representado nos enquadramentos e na fotografia.

 

Além de Rodrigo Santoro, o elenco ainda conta com as fachadas conhecidas de Antonio Banderas, como um dos trabalhadores, e Juliette Binoche entre os familiares das vítimas. Tirando os cacoetes conhecidos do ator espanhol, todo o conjunto de atores cumpre muito bem seu papel, mesmo com a desvantagem do filme ser falado em inglês, algo que é até esquecido em pouco tempo de projeção, até que uma figura conhecida da imprensa deles aparece no local falando em espanhol. Difícil pensar em uma justificativa para isso, a não ser a licença poética,  mas ainda assim é dispensável.

Os 33

 

Apesar de suas qualidades, Os 33 perde bastante de seu ritmo aproximando-se da conclusão. A partir do momento em que é possível fazer contato com os mineradores, muito da sensação de urgência acaba, recuperando algo disso apenas próximo do fim. Talvez um problema gerado pela quantidade de roteiristas – quatro – mexendo em um texto adaptado do livro de Hector Tobar, mas realmente seria um desafio manter o clima de perigo do início pelo filme todo, respeitando o fluxo dos acontecimentos reais. A questão é se houve a tentativa.

 

Entre erros e acertos, o filme funciona. Nada absolutamente memorável, mas consegue deixar o espectador interessado ao longo de seus 120 minutos, sem apelação. Além disso, tem uma qualidade que anda meio esquecida no cinema comercial de hoje em dia, que é a capacidade de fazer o público se importar. Podem até argumentar que isso é mérito da história verídica, mas na verdade é uma faca de dois gumes, que poderia arruinar tudo se estivesse em mãos menos competentes.

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