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A Conexão Francesa – Dois homens e um conflito!

A Conexão Francesa

O cinema francês sempre foi associado à dramas existencialistas e filmes cabeça, voltados para um público cult. Porém, de uns tempos para cá, temos acompanhado uma boa diversificação nas produções e a chegada de filmes mais acessíveis e populares vindos de lá. É o caso desse surpreendente épico policial, A Conexão Francesa (La French), dirigido por Cédric Jimenez e estrelado por Jean Dujardin, do celebrado na época e semi-esquecido O Artista. Como não se trata de um tipo de filme tão comum em seu país, o diretor acerta em não ter vergonha de beber da fonte de filmes de mestres americanos, como Martin Scorsese e Brian De Palma, dando ao filme uma narrativa ágil e estilosa.

A Conexão Francesa

O longa conta a história, baseada em fatos, da difícil cruzada de um juiz (Dujardin) para desbaratar um intrincado esquema de drogas e corrupção que havia dominado Marselha nos anos 70, comandado por um poderoso mafioso vivido por Gilles Lellouch. A trama se divide entre esses dois homens em lados opostos da lei. O corajoso e obstinado juiz Pierre Michel e sua tentativa de equilibrar as incessantes investigações e perigosas investidas contra o crime e sua vida pessoal pessoal. No canto oposto, o carismático e cruel chefe do crime Gaetan “Tany” Zampa, que comanda com mão de ferro essa rede internacional de tráfico de drogas, que alcança desde a juventude francesa até mesmo o mercado dos EUA, o que faz com que os americanos entrem também nesse embate, fazendo a ponte com a história contada no filme Operação França, de William Friedkin.

Um dos grandes acertos do filme está em mostrar um pouco da vida e da personalidade dos dois personagens principais, sem pressa para desenvolvê-los, fazendo o público entendê-los melhor e se importar mais com a trama, lembrando Fogo contra Fogo, de Michael Mann, ou Gângster Americano, de Ridley Scott, que usam com eficácia essa fórmula. Os dois atores também ajudam bastante nessa parte. Dujardin tem a presença e a vulnerabilidade necessárias para passar a aura quase heroica – ainda humana, porém – de um homem que vai até o fim numa luta injusta e desigual contra um oponente em grande vantagem. Lellouch passa com eficiência a mistura de carisma e terror com que um líder do tráfico mantém o controle da operação, criando um personagem interessante, ao invés de um simples vilão.

A Conexão Francesa

Tecnicamente, o filme também acerta bastante. Há um belo trabalho de reconstituição de época nos figurinos e direção de arte, além da fotografia aproveitar os belos cenários e locações para extrair planos interessantes e significativos. A direção de Jimenez é segura e conduz a narrativa com clareza e fluidez, ainda que não inove muito, mantendo uma estrutura clássica, sem grandes riscos.

Se há um defeito no filme, pode ser exatamente esse. Todos os elementos parecem um tanto familiares. Talvez por ter buscado referências nos clássicos hollywoodianos, o que em partes é bom, também gera essa sensação constante de já termos visto tudo aquilo antes.

A Conexão Francesa

Enfim, A Conexão Francesa é um filme dinâmico, com conteúdo, bons personagens, bem atuado e faz jus à sua impressionante história real. Além disso, é mais uma bela e bem vinda produção francesa a quebrar o estereótipo que se criou dos filmes vindos desse país. E apesar de não trazer grandes novidades em sua narrativa, é tão bem e cuidadosamente executado que prova que o bom uso de elementos já familiares podem construir uma obra que, se não inova, é indiscutivelmente interessante.

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