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Amizade Desfeita tem suas vantagens…

Amizade Desfeita

Não poderíamos abrir este texto sem uma menção honrosa aos nossos amigos tradutores, que com o título original de Unfriended nos trouxeram Amizade Desfeita. A tradução faz jus ao nome original, sem dúvida, mas a tradução é preguiçosa e a sonoridade é de uma estranheza sem fim. Ou estou enganado? Este é o caso em que uma tradução mais flexível poderia funcionar melhor, porém como conhecemos a criatividade desta turma, muita inovação no título também não é garantia de nada (que tal Se Beber Não Case – The Hangover?).

Então temos este nome sem charme algum, somado a outros pontos desfavoráveis desta nova produção, que fazem você pensar três vezes antes de entrar na sessão de um cinema qualquer. Convenhamos que filmes de terror adolescente não trazem normalmente premissas das mais empolgantes ou inovadoras, até porque não vemos produções do gênero que realmente valham a pena hoje em dia. Pois bem, dito isso, vá então com baixa expectativa porque isso pode te ajudar…

Amizade Desfeita

Seguindo a onda de filmes como A Bruxa de Blair, que tentou criar um realismo falso ao cinema de horror através de uma moda que estava se estabelecendo (a publicidade na internet), Amizade Desfeita chega com o mundo virtual exposto diretamente na tela, por uma de suas ferramenta mais populares, o Skype. O filme é praticamente todo desenvolvido com uma tela de computador aos nossos olhos. Esta ideia já pode ganhar sua atenção?

A história é a seguinte: O vídeo do suposto suicídio de uma tal de Laura Barns se torna um viral na internet, principalmente entre seus colegas de colégio. Assim, somos apresentados a um grupo de seis amigos, colegas da finada moça, que normalmente conversam via Skype. Justamente um ano após a morte de Barns, uma sétima pessoa desconhecida aparece na chamada virtual que habitualmente fazem e ela se revela, em pouco tempo, ser a ex-colega de classe da turma. A princípio, o que parecia uma brincadeira, se torna ameaçador quando a pessoa desconhecida começa a revelar segredos de todos.

Amizade Desfeita

Quem assina a direção é o novato Levan Gabriadze (sua única direção é o desconhecido Vykrutasy) e o roteiro foi desenvolvido pelo igualmente desconhecido Nelson Greaves. Juntos trazem esta ideia diferente que expõe durante os 82 minutos do longa uma tela de computador compartilhada pela protagonista. O emprego deste formato poderia cair em algo nonsense com diálogos e ações inverossímeis, ou poderia ser pretensioso demais, mas curiosamente a narrativa te prende e voa, principalmente por situações plausíveis, dentro do contexto, e de uma forma inquietantemente correta. Fica fácil também criticar o longa por sua falta de sustos mais atraentes ou pelo desenvolvimento um tanto previsível, que leva a um final de pouco valor, porém o todo pode fazer você relevar certos furos e apreciar a novidade na narrativa.

Deixando de lado alguns clichês do gênero em que o filme se entrega (a perseguição à protagonista, a motivação desencadeada pelo aniversário de morte), o formato original funciona com surpresa e tem seus méritos. Não há o terror convencional que pode fazê-lo pular das cadeiras de tempos em tempos, e sim uma tensão que te faz esperar pelo próximo “pop up” de mensagem que irá expor um novo constrangimento de algum personagem ou a tão indesejada morte de alguém.

Amizade Desfeita

Quanto ao elenco jovem e desconhecido, nem se preocupe.  Não compromete a produção e satisfaz (uns menos que os outros, mas vamos entender que o orçamento foi baixo e não daria para contratar a Emma Stone!).

Como acontece aos filmes de horror razoavelmente inventivos e lucrativos (o orçamento de U$ 1 milhão de dólares de Amizade Desfeita teve o lucro de U$ 32 milhões somente nos EUA), o curto tempo irá trazer a sequência ou filmes derivados (que tal uma conversa de Skype em forma de comédia romântica?) e este filme será banalizado. Não que seja um primor cinematográfico (está bem longe disso, é claro) mas pode dar um caldo se você não exigir tanto…

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