Celebre a memória do mestre Lenzi com essas cinco sugestões
No último dia 19 de outubro os fãs dos ciclos de cinema italiano ficaram órfãos de um dos seus nomes mais controversos e talentosos. Umberto Lenzi morreu aos 86 anos em Roma, cidade que seria cenário de algumas de suas produções mais festejadas.
Foi lá também que ele formou-se em cinema e deu início a uma carreira que iria percorrer dos filmes de canibais (subgênero do qual ele foi o precursor em 1972, com Mundo Canibal) aos gialli, sem esquecer dos spaghetti westerns e dos poliziescos. Com a notícia de seu falecimento, muitos lembraram de Cannibal Ferox, de 1981, proibido em 31 países por suas cenas de crueldade com animais e outras coisas típicas do cinema exploitation mais hardcore.
No entanto, este não é um filme significativo do talento de Lenzi e rende conversa mais pelas polêmicas do que pelo roteiro. Afinal, o rapaz dirigiu mais de 60 filmes e, ao lado de Ruggero Deodato, Enzo G. Castellari e Sergio Martino, era um dos poucos nomes vivos da época de ouro dos ciclos cinematográficos que lotavam os cinema italianos.
Por isso, listamos para o prezado leitor do Formiga Elétrica os cinco filmes que valem a pena para relembrar (ou conhecer, né?!) Umberto Lenzi, esse italianinho que vai deixar saudade nos amantes do cinema de gênero.
5- Os Vivos Serão Devorados (Mangiati vivi!, 1980)
Com um roteiro mais bem acabado que Cannibal Ferox (o que não é um elogio), o filme já mostra o estilo Lenzi logo na cena de abertura: um homem de traços orientais lança dardos envenenados com uma zarabatana pelas ruas de Nova York.
O início, pelas imagens e pela trilha, lembra os Blaxploitations de Jack Hill, mas logo a floresta se fixa como principal cenário. Rituais que envolvem sangue, sexo e sacrifícios são fruto do sucesso de Cannibal Holocausto, de Ruggero Deodato, de longe o mais polêmico filme do curto período em que os canibais mandavam nas bilheterias da Itália.
O diferencial da obra fica por conta do modo como Lenzi aproveita alguns detalhes para mostrar suas referências aos filmes de espionagem e experimentar enquadramentos insólitos. Ah, e tem Mel Ferrer fazendo uma ponta como um professor interessado em seitas satânicas.
4- Noite Maldita (Black Demons, 1991)
Se você perdeu algumas noite de sono nos anos 90 com filmes de terror, com certeza conhece essa aventura produzida por americanos e filmada no Brasil. O Rio de Janeiro aparece como típico cartão postal que esconde algo maligno, no caso uma tribo de zumbis que realiza rituais que lembram os realizados no candomblé.
Óbvio que a fama de “exótico” que o nosso país carrega entre os gringos pesou para a escolha da locação, mas é mais um roteiro de terror que poderia ser rodado em qualquer lugar, mas que carrega o peso de Lenzi que não maneirou nas cenas fortes e garantiu um dos clássicos dos anos 90.
3- Sete Orquídeas Manchadas de Sangue (Sette orchidee macchiate di rosso, 1972)
Ah, os títulos poéticos! Ah, as luvas pretas dos assassinos! Lenzi não poderia ficar impune a uma das melhores fases do cinema italiano de horror. Lenzi sabia como ninguém transformar a morte de belas moças em cenas inesquecíveis que não perdem em nada para as criadas por seus compatriotas Mario Bava e Sergio Martino.
O charme fica por conta do adorno em forma de meia-lua que o matador deixa ao lado das vítimas, criando aqueles objetos inesquecíveis e cruciais para as tramas do gênero. Ele iria investir em outros dois exemplares giallo: Spasmo, em 1974, e Gatti Rossi in un Labirinto di Vetro (conhecido nos Estados Unidos como Eyeball), em 1975.
2 – A Outra Face da Coragem (Tutto per tutto, 1968)
Clint Eastwood deixou a América para brilhar na Trilogia do Dólar de Sergio Leone e teve quem seguiu seus passo. O canadense John Ireland deu uma pausa nos faroestes clássicos americanos para participar desse spaghetti onde dois homens precisam decidir o destino de uma grande quantia em dinheiro roubado.
Ter atores estrangeiros no elenco não era novidade no gênero, mas Lenzi fez um dos exemplares mais comportados dos anos 60, se levarmos em consideração que o derramamento de sangue estava liberado desde 1966, quando Sergio Corbucci lançou o seu Django e inaugurou o faroeste para maiores. A direção de arte, assinada pelo mestre Carlos Simi, é um deslumbre à parte, responsável por imortalizar a fronteira do México em nossa memória.
1 – O Império do Crime (Napoli violenta, 1976)
Filmes policiais existem aos montes, mas poucos conseguem a crueza dos poliziescos, a versão italiana das histórias de policiais heroicos. O rosto de Maurizio Merli ficaria na história do gênero por esta produção que bateu recorde de bilheterias em sua estreia e virou modelo para outros grandes filmes que viriam na sequência.
Lenzi teve a oportunidade de provar sua mãe firme como diretor, dosando violência e crítica social. Também poderiam ocupar este primeiro lugar os ótimos Roma Armada, também de 1976, e La Banda del Gobbo, de 1978, ambos com Tomas Milian arrasando com seu jeito histérico de atuação.
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