Gosta de filmes de boxe? Eis os boxeadores mais inesquecíveis do Cinema
O longa Punhos de Sangue estreia nesta quinta-feira (25/05), contando a história real de Chuck Wepner, o lutador que inspirou Stallone a criar Rocky. Mais uma vez, vem à tona uma rica tradição de filmes protagonizados por homens e mulheres que dedicaram parte de suas vidas à arte do boxe. Os exemplos são inúmeros e vão desde as primeiras décadas do Cinema até os dias de hoje. Com isso em mente, o Formiga Elétrica resolveu fazer uma lista com 10 dos boxeadores mais icônicos da história da Sétima Arte. Serão muitos socos e ganchos, mas, no fim, conseguiremos sair ilesos do ringue.
Obs: Por ser uma escolha muito óbvia, optamos por deixar Rocky de fora. Está na hora de outros personagens mais famosos também terem uma chance de aparecer, vocês não concordam?
Confiram a lista:
10 – Carlitos, em Luzes da Cidade (City Lights, 1941)
Todas as listas sobre Cinema deveriam começar mencionando Charles Chaplin. Na pele do vagabundo Carlitos, esse artista-mor da Sétima Arte fez de tudo um pouco. É sabido que o seu alter-ego não era um boxeador profissional, mas, ainda assim, em Luzes da Cidade, a sua maior obra-prima, ele protagonizou uma das cenas de luta mais hilárias e inesquecíveis da história. Além disso, há como não se apaixonar por um sujeito que chega a subir em um ringue para poder pagar a cirurgia de correção ocular da sua amada? Só mesmo Chaplin era capaz de transformar uma luta de boxe num misto de lágrimas e risos.
09 – Walter Cartier, em Day Of The Fight (Idem, 1951)
Primeiro projeto do mítico Stanley Kubrick, Day Of The Fight é um curta-metragem documental que acompanha o boxeador Walter Cartier no dia de sua luta com Bobby James. Durante 12 minutos, o vemos acordar, ir à igreja, almoçar, se consultar com um médico, treinar e, finalmente, subir no ringue. Com uma narração em off que recria os telejornais da época, o curta ficou marcado pela forma como Kubrick filmou a luta: usando planos contra plongées (câmera posicionada abaixo dos elementos da cena) que transformam os boxeadores em figuras poderosas e aproximando a câmera dos corpos em determinados momentos, o diretor fez escola. Abaixo, a obra completa.
08 – Midge, em O Invencível (Champion, 1949)
Em O Invencível, Kirk Douglas interpreta um jovem da periferia que entra para o mundo do Boxe e se torna o campeão mundial. Porém, o ego, a fama e o sucesso o transformam em um ser solitário e auto-destrutivo. Comandado pelo ótimo Mark Robson e contendo uma das atuações mais viscerais de Douglas, este longa é um dos primeiros a usar algum tipo de esporte como uma parábola dos altos e baixos que acompanham todas as trajetórias de sucesso.
07 – Bill “Stoker” Thompson, em Punhos de Campeão (The Set-Up, 1949)
Em muitos casos, o boxe é um meio através do qual certas pessoas podem sair da pobreza. No entanto, esse tipo de luta sempre esteve atrelada às apostas ilegais e atividades criminosas. Nos Estados Unidos, depois da Segunda Guerra Mundial, isso se tornou ainda mais evidente. Punhos de Campeão, filme lançado quatro anos após o término do evento catastrófico que matou dezenas de milhões de inocentes, através da história do seu protagonista, que é interpretado pelo ator Robert Ryan, retratou com contundência e exatidão a podridão que pode existir nesse meio. Dirigido pelo subestimado Robert Wise, este é um clássico imperdível.
06 – Billy Flynn, em O Campeão (The Champ, 1979)
Refilmagem do filme homônimo lançado em 1931 e que tinha Wallace Beery no papel do protagonista, O Campeão é uma comovente história de superação. Viciado em bebidas e jogos, Billy Flynn se encontra num estado lamentável. A única bússola na sua é vida é o filho, que o admira e faz de tudo para que o pai volte aos ringues. Quando decide escutá-lo, Flynn começa a trilhar o caminho de sua redenção. Contendo uma das melhores atuações de Jon Voight e revelando ao público o jovem Ricky Schroeder (que, surpreendentemente, não vingaria nos anos vindouros), O Campeão é capaz de amolecer até os corações mais endurecidos.
05 – Mountain Rivera, em Réquiem Para Um Lutador (Requiem For A Heavyweight, 1962)
Réquiem Para Um Lutador é mais um filme que usa o boxe como metáfora para a superação (por sinal, bastante citado no longa sobre Chuck Wepner que inspirou esta lista). No entanto, há dois elementos que fazem o filme se destacar de inúmeros outros: o roteiro do então iniciante Rod Serling (o criador da histórica série de televisão Além Da Imaginação), que aposta as suas fichas na relação de lealdade e orgulho do protagonista com o seu agente, e a atuação intensa de Anthony Quinn, um ator cuja face parece ter sido feita sob medida para a personificação de um boxeador. Uma curiosidade: no início do filme, o lutador Muhammad Ali, ainda atuando sob o nome de Cassius Clay, interpreta o jovem que derrota Rivera.
04 – Tully e Ernie, em Cidade Das Ilusões (Fat City, 1972)
Filme que ressuscitou a carreira do lendário John Huston, Cidade Das Ilusões é baseado no romance homônimo de Leonard Gardner e se concentra na amizade de Tully (Stacy Keach) e Ernie (Jeff Bridges), dois lutadores de boxe que se encontram em momentos distintos da carreira. Ao passo que o primeiro está afastado dos ringues e se afunda na bebida, o outro está começando a sua promissora carreira. Melancólico e com uma cena final arrebatadora, o longa é um estudo fascinante sobre como enxergamos em outras pessoas um espelho daquilo que desejamos ser ou já fomos em um passado distante.
03 – Charley Davis, em Corpo E Alma (Body And Soul, 1947)
Escrito por Abraham Polonsky, roteirista que seria listado durante a Ameaça Vermelha nos Estados Unidos, Corpo E Alma é um doloroso conto sobre como indivíduos talentosos, jovens e em busca de melhores oportunidades na vida podem ser ludibriados e usados das maneiras mais torpes por poderosos que buscam saciar a própria ganância e amoralidade. Tecnicamente, o filme chama atenção pela fotografia magistral de James Wong Howe. Reza a lenda de que ele filmou as impressionantes cenas de luta andando de patins e segurando a câmera na mão.
02 – Maggie Fitzgerald, em Menina De Ouro (Million Dollar Baby, 2004)
Ninguém esperava que, aos 74 anos de idade, Clint Eastwood fosse entregar um petardo como este Menina De Ouro. No entanto, a verdadeira estrela do filme é mesmo Hillary Swank. Interpretando uma mulher pobre e velha demais para se tornar lutadora, mas, que, ainda assim, vence todas as adversidades, inclusive, o preconceito de gênero existente no meio, a atriz transmite com perfeição as turbulências interiores da sua complexa personagem. O final da história é um dos mais devastadores dos últimos anos.
01 – Jake La Motta, em Touro Indomável (Raging Bull, 1980)
Acho que o primeiro lugar desta lista não é surpresa para ninguém. Quando a discussão é sobre lutadores de boxe no Cinema, Jake La Motta (Robert De Niro) é a referência máxima. A mesma coisa acontece com Touro Indomável, a obra-prima máxima de Martin Scorsese, que, de todos filmes que já foram lançados dentro desse subgênero (filmes de esporte), e até mesmo daqueles que sairão no futuro, é e continuará sendo o exemplo perfeito de realização cinematográfica. Já começando com uma cena em que o tema musical, a câmera lenta, os gestos de Robert De Niro e a esplendorosa fotografia em preto e branco criam um deleite visual e sonoro, o filme propõe ao espectador uma viagem profunda na psicologia de um homem que usava o boxe como forma de extravasar toda a animalidade que continha dentro de si. No entanto, rotineiramente, a violência do personagem não se restringia aos ringues.
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