Aproveitando, também falamos de Tobe Hooper no Formiga Na Tela!
Ainda assim, Spielberg não desistiu de Hooper, e no mesmo ano, o convidou para dirigir Poltergeist: O Fenômeno, atuando apenas na produção-executiva. Mais uma vez Hooper não aproveitou a chance, e seu ego fez com que fosse mais uma vez destituído do cargo de diretor de um filme. As diversas e intensas discussões entre Hooper e Spielberg quase acabaram com as filmagens da produção, que foi terminada pelo próprio Spielberg, ainda que o nome de Hooper como o diretor tenha sido mantido na versão final do filme.
No entanto, a impressão que ficou é que Hooper queimou todos seus cartuchos junto à grande indústria de Hollywood, já que ele nunca mais conseguiu uma produção de grande estúdio para trabalhar. Mesmo assim, ele ainda dava mostra de seus talentos, e em 1985, dirigiu a estranha – mas divertidíssima -ficção Força Sinistra (Lifeforce), que contava com um roteiro de Dan O’Bannon, roteirista do clássico Alien: O Oitavo passageiro, e uma trama sobre uma invasão de vampiros espaciais (!).
Força Sinistra foi a primeira de três produções que Hooper dirigiu para a famigerada e finada Cannon, dos megalomaníacos (picaretas) produtores israelenses Menahen Golam e Yoram Globus. As outras duas foram o tenebroso Invasores de Marte (1986), remake da ficção goiaba da década de 50, e no mesmo ano, O Massacre da Serra-Elétrica – Parte 2, que apesar de muito inferior ao filme original, tinha suas qualidades e era protagonizado por um inspirado Dennis Hopper.
No entanto, tanto Força Sinistra, como Invasores de Marte e O Massacre da Serra-Elétrica – Parte 2 sofreram uma massiva interferência dos executivos da Cannon, que de acordo com o polêmico Hooper, teriam retalhado seus filmes. Tal atrito rompeu imediatamente a relação entre Hooper e a Cannon, e o diretor, que já não era bem visto nos grandes estúdios, ficou relegado à TV. Com isso, sua carreira entrou em um irrefreável declínio.
Ainda assim, Hooper trabalhou bastante na TV no final da década de 80, dirigindo episódios para séries de sucessos como Histórias Maravilhosas (Amazing Stories), que foi criada e produzida por Spielberg, que o convidou numa tentativa de amenizar as coisas entre eles; O Protetor (The Equalizer, que ganhou um remake cinematográfico no ano passado, estrelado por Denzel Washington); Freddy’s Nightmares, que trazia o assassino Freddy Krueger como mestre de cerimônias; Contos da Cripta (Tales From The Crypt); além do bacana telefilme Trilogia Do Terror (Body Bags), junto a outra lenda do cinema, John Carpenter, já no início da década de 90.
Em 1995, Hooper experimentou seu “canto do cisne”, justamente quando voltava a dirigir um filme para o cinema, novamente adaptando uma história do mestre Stephen King em The Mangler: O Grito do Terror, trabalhando mais uma vez com Robert Englund como protagonista. O resultado foi nada menos do que catastrófico, um fracasso completo de público e crítica, que aniquilou a carreira de Hooper no cinema de uma vez por todas.
Desde então, Hooper ficou relegado à produções dirigidas diretamente para o mercado de vídeo, sem expressão alguma. Em 2005, o diretor teve uma breve oportunidade de dirigir algo de maior expressão quando foi convidado para dirigir dois episódios da série do canal Showtime Mestres do Terror (Masters of Horror), criada por Mick Garris, colaborador habitual de Stephen King.No entanto, seu trabalho na série não foi suficiente para reativar sua carreira, e um dos maiores nomes da história do cinema de Horror, hoje vive dias de anonimato.
Uma tremenda infelicidade, a meu ver. Tenho O Massacre Da Serra-Elétrica original como uma aula de se fazer cinema. Sem recursos e na pura raça, Hooper capturou como ninguém a verdadeira essência de se fazer Horror, e realmente custo a acreditar que tal vigor cinematográfico do diretor, tenha se perdido tão rapidamente.
Para encerrar este artigo de final um tanto amargo, deixo uma citação do próprio Hooper sobre a arte de se fazer filmes de Horror: “You’ve got to send a physical sensation through and not let them off the hook. I like to make it faster and faster and faster and pumping and banging until I get into you.”*
*“Você tem de enviar uma sensação física através da obra, e não deixá-los perder a atenção. Eu gosto de tornar tudo mais rápido e mais rápido, pulsando, vibrando, até que eu os capture totalmente.”