O legado de Stephen Hawking para a ciência e para a cultura pop
A primeira vez que vi Stephen Hawking, foi em Star Trek – A Nova Geração, em um episódio em que Data (Brent Spiner) joga pôquer com Newton, Einstein e Hawking em forma de hologramas. Eu era uma pré-adolescente fã de ficção científica, e já conhecia Newton e Einstein, mas não Hawking. Então, curiosa, busquei na biblioteca do Centro Cultural São Paulo algum livro sobre ele.
E li, lá pelos 13 anos, Uma Breve História do Tempo, originalmente publicado com o título Uma Breve História do Tempo: do Big Bang aos Buracos Negros. Ali, estavam condensados, em linguagem simplificada, alguns dos principais temas estudados por ele, como a Teoria do Big Bang e os Buracos Negros.
O tempo foi passando, e Hawking vez ou outra aparecia para mim em referências da cultura pop: está em Keep Talking, nona faixa do álbum The Division Bell, do Pink Floyd (que foi lançado em 1994, mas eu só ouvi já adulta), ajudou a Lisa Simpson a instaurar a paz em Springfield, surfou em Quahog em um episódio de Family Guy, corrigiu Sheldon Cooper em um episódio (incrível) de The Big Bang Theory (que é uma série que exalta a figura e as pesquisas de Hawking a todo instante), flutuou em Gravidade Zero e, rendeu dois filmes e dois documentários.
A Pesquisa x A Vida Pessoal
Hawking foi casado duas vezes. O primeiro casamento, em 1965, foi com Jane Wilde, que ele conheceu por meio de amigos em comum. Esta relação durou 25 anos e eles tiveram três filhos. Em 1999, após quase dez anos separados, Jane escreveu Music to Move the Stars: A Life with Stephen, traduzido por aqui, na segunda versão revisada (publicada em 2008), como A Teoria de Tudo.
Neste livro, Jane relata os anos com Hawking, desde que se conheceram, até o divórcio (em 1990) e, na segunda versão, até o momento de publicação desta, quando eles, após o segundo divórcio de Hawking, voltaram a trabalhar juntos. Deste livro saiu o roteiro do fraco A Teoria de Tudo (The Theory of Everything, 2014, Reino Unido), com Eddie Redmayne e Felicity Jones nos papéis principais.
O filme foca, por se tratar do ponto de vista de Jane, muito mais no impacto que a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) de Stephen teve no casamento, além da obsessão dele com o trabalho. A interpretação de Redmayne, agraciada com diversos prêmios, inclusive o Oscar de Melhor Ator, é bem marcante (é um trabalho físico exemplar), mas o roteiro, bastante simplista, peca em não aprofundar em aspectos da personalidade dele, bem como no trabalho que o tornou mundialmente famoso.
Se você quiser ver algo sobre a obra dele, uma boa opção (romanceada, mas melhor embasada em fatos) é o telefilme Hawking (IDEM, 2004, Reino Unido), produzido pela BBC, e com Benedict Cumberbatch no papel do protagonista. Apesar de também abordar o relacionamento com Jane, o filme foca em como o cientista estava preocupado que a doença pudesse afetar seu intelecto e, consequentemente, impedir que ele seguisse com as pesquisas a respeito da criação do universo.
Além dos filmes, temos dois documentários ótimos focados na vida do cientista: Hawking, narrado pelo próprio, e lançado em 2013; e Uma Breve História do Tempo, de Errol Morris, filmado em 1991, e disponível gratuitamente no YouTube. Veja aqui a versão com legendas em Português:
O trabalho de Hawking (principalmente seus livros) contribuiu com a popularização da ciência que nomes como Arthur C. Clark, Isaac Asimov, George Orwell, entre outros autores, e fenômenos pop como Star Trek e Carl Sagan e sua série de TV e livro Cosmos já haviam começado. Sua figura, de frágil aparência, escondia uma das mentes mais inteligentes do mundo moderno.
As pessoas estão falando que perdemos Stephen Hawking. Na verdade, nós ganhamos sua inestimável contribuição à ciência (e à cultura pop) por 76 anos. Ele desafiou todas as expectativas. E venceu todas elas. Hoje fazemos uma despedida, mas sua obra viverá para sempre. Obrigada Stephen, nós do Formiga Elétrica seremos para sempre gratos. E, como na frase que dá título a esse texto, estaremos sempre de olho nas estrelas.