Todo mundo sabe que o filme Batman Begins (2005) pegou alguns elementos de Batman: Ano Um, de Frank Miller e David Mazzucchelli. Também já é de amplo conhecimento que, antes do envolvimento de Christopher Nolan na franquia cinematográfica do homem-morcego, Ano Um quase foi adaptado às telas pelo próprio Miller, com co-autoria e direção do ótimo Darren Aronofsky.
O problema com essas histórias é que existe muita informação desencontrada. Felizmente, o Comic Book Resources deu uma forcinha, esclarecendo de uma vez por todas o que aconteceu, e o curioso é que isso partiu da pergunta de um leitor deles, tão confuso quanto o resto do mundo.
O leitor queria saber se era verdade que o roteiro de Frank Miller mostrava Bruce Wayne como motorista de táxi!
Bem, não é verdade, mas é compreensível que alguém tenha pensado isso, uma vez que o personagem, naquela abordagem, é muito similar a Travis Bickle, do filme TAXI DRIVER. Alguém fez a comparação e um mito se espalhou.
O roteiro tomava uma série de liberdades discutíveis em relação aos quadrinhos. Depois do assassinato de seus pais, Bruce Wayne desaparece e vive basicamente como sem-teto por anos. Ele é acolhido por um mecânico chamado Big Al. Seu filho, Little Al, se torna o mentor e chefe de Bruce, que mostra muito talento com eletrônica e eventualmente decide tornar-se um vigilante, com maneirismos mais assustadores. Depois de alguns fracassos, Al decide dar a Bruce uma das únicas coisas que ele tinha quando foi encontrado; um anel de seu pai com as iniciais T e W interseccionadas. Essa herança inspira o jovem Wayne, que se torna um vigilante bem-sucedido, aliando seus conhecimentos tecnológicos na luta contra o crime. Logo, a marca deixada no rosto dos marginais que ele esmurrou (T e W) é interpretada como um morcego pelas pessoas, que passam a chama-lo de Batman pelas ruas. A ideia do morcego e do traje final vem daí. Selina Kyle e Jim Gordon teriam grandes participações na narrativa e, no finalzinho, Bruce herdaria a fortuna dos Wayne, terminando o filme como o Batman tradicional, ou quase.
Aronofsky fala sobre a recusa da Warner:
“Eu acho que eles já sabiam que nunca seria feito. Acho que, justamente, por crianças de quatro anos consumirem artigos do Batman, então se você lança um filme como aquele, toda criança de quatro anos vai gritar com a mãe para leva-la ao cinema, logo, eles precisam de uma classificação leve. Mas havia uma esperança naquele momento, do mesmo jeito que a DC publica diferentes tipos de Batman para idades diferentes, poderia haver um jeito de faze-los (filmes) diferentes. Logo, eu estava tentando fazer um filme para o fã adulto do Batman – uma versão hardcore que teríamos feito sem muito dinheiro.”
Poderia ter sido um filme legal, claro… Mas não seria melhor que o Aronofsky tentasse trabalhar com um personagem original? Fora que esse lance do anel é muito calcado no Fantasma (de Lee Falk), na cara-dura.
A quem interessar, o roteiro original está AQUI!
Veja alguns designs de figurino desta produção não realizada: