Imortalidade. Benção ou maldição? Acho que esse é um tema que fascina e atormenta a humanidade desde tempos longínquos e tem sido uma constante na literatura e no cinema. De clássicos como O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, a sucessos do cinema como Highlander, a imortalidade é algo que sempre mexeu com a imaginação das pessoas. Agora ela é abordada por um prisma romântico nesse A Incrível História de Adaline, novo longa do jovem diretor Lee Toland Krieger.
Aqui, Adaline Bowman (Blake Lively), uma jovem viúva nos anos 30 sofre um acidente de carro e adquire uma condição que causaria inveja em grande parte das mulheres: ela se torna incapaz de envelhecer, e ainda no auge de sua juventude e beleza. Mas para ela, isso não será motivo de comemoração ou alegria, pois logo descobrirá, como na grande maioria dessas histórias, que essa situação será um grande problema em sua vida. Com medo de virar uma curiosidade a ser investigada e estudada, Adaline passa a viver uma vida nômade, mudando sempre de identidade e ficando um curto período de tempo em cada lugar, sem criar laços ou raízes. Seu único relacionamento contínuo é com sua filha, sua única amiga e aliada, que vai vendo envelhecer enquanto permanece jovem para sempre. Mas obviamente nossa protagonista vai conhecer um homem que mudará tudo e a fará reavaliar seu modo de levar a vida e deixa-lá com vontade de parar de correr.
Essa primeira parte que investe pesado no clima de romance, no encontro desse casal e desenvolvimento da relação, é bastante agradável, com as peças todas no lugar. Casal charmoso, locações exóticas e interessantes, trilha e fotografia que acentuam o tom quase fantástico do filme. Porém, a partir da entrada de uma coincidência bizarra na história, esse clima de encanto se perde e dá lugar a um drama não tão bem resolvido.
Talvez o principal problema do filme seja exatamente a indecisão. Ao tentar dar uma explicação científica ao evento ao mesmo tempo que joga elementos quase místicos o tempo todo, como coincidências cósmicas e afins, fica tudo no meio do caminho e perde um pouco a credibilidade, ao menos aquela possível numa história fantástica como essa. Provavelmente, se tivessem optado de uma vez por um caminho, ou simplesmente científico ou totalmente fantástico, seria mais fácil deixar a racionalidade de lado e entrar nessa história.
Um dos pontos positivos é o elenco. Blake Lively esbanja beleza e charme e segura bem os momentos mais dramáticos do filme. Michiel Huisman cumpre bem seu papel de galã, sem muitos desafios e nosso querido Harrison Ford, apesar de ter um papel pequeno e até certo ponto ingrato, é sempre uma presença forte nas telas. Uma curiosidade do filme é a impressionante semelhança do ator Anthony Ingruber com um jovem Harrison Ford. Interpretando justamente sua versão mais jovem, Ingruber emula até aquele famoso sorriso maroto de Ford de maneira quase perfeita e me deixou perguntando se aquilo seria algum tipo de efeito ao estilo de O Curioso Caso de Benjamin Button ou um ator muito parecido mesmo.
Com um clima e uma história que poderiam ter saído de um romance de Nicholas Sparks, o filme pode ser uma boa pedida para os românticos de plantão, no entanto, os mais céticos provavelmente terão certa dificuldade de embarcar nessa jornada. Digamos que A Incrível História de Adaline não ficará imortalizada na história do cinema, mas como diversão açucarada e momentânea, cumpre seus propósitos.