Depois de alguns fracassos consecutivos, Keanu Reeves volta às telas como John Wick, protagonista que dá o título original ao filme de ação que estreia por aqui nesta semana, batizado como De Volta Ao Jogo. O diretor Chad Stahelski, estreia na função com um longo currículo em Hollywood, porém, como coordenador de dublês e coreógrafo de lutas/sequencias de ação, e o roteiro do também novato Derek Kolstad pode ser resumido muito rapidamente; matador casca-grossa aposentado volta a ser o diabo, depois que ladrões roubam seu carro e matam o cachorro que foi presente de sua falecida esposa. Existe uma coincidência conveniente sobre os autores do roubo à residência, mas o que importa é que eles realmente não sabiam com quem estavam mexendo.
Desnecessário falar mais da história, afinal, o que eu – e qualquer pessoa que tivesse visto meio trailer do filme – esperava era ação do começo ao fim. Tudo é uma desculpa para preparar a volta do assassino implacável, passando fogo geral, e o filme tem a virtude de não perder muito tempo com apresentações de personagens, deixando clara a situação logo de início. Quando a adrenalina começa, é difícil não se divertir com a contagem de corpos promovida pelo personagem, muito disso também pela forma como as lutas são encenadas, utilizando muito o corpo-a-corpo do jiu-jitsu, o que traz uma verossimilhança maior às sequencias e situações exageradas.
Ainda que a diversão esteja garantida, o cinéfilo mais exigente vai sentir falta de algum estilo na forma em que essas cenas foram filmadas. Stahelski, com a inexperiência pesando contra, fez um filme como milhares de outros. A boa notícia é que a edição não prejudica a compreensão da correria nas cenas de ação, o que hoje em dia é um grande ponto positivo. Também é interessante ver Keanu Reeves encarnando um tipo cuja ausência de expressão não compromete o conjunto da obra, mas até se encaixa com a proposta do filme. Será que aos cinquenta anos de idade, o galã estaria considerando um caminho semelhante a Liam Neeson? É possível…
Sobre o resto do elenco, nada nesta trama é muito desafiador para alguns nomes mais conhecidos que aparecem, como Willem Dafoe e Ian McShane, indiscutivelmente os melhores atores ali, mas cada vez mais marcando presença em trabalhos que não acrescentam nada às suas carreiras. Os fãs de Game Of Thrones vão reconhecer ator Alfie Allen, aproveitando bem sua fachada de mimado antipático, como o filho de um chefão do crime.
De Volta Ao Jogo perde muito da metade para o fim, pois acaba parecendo redundante e deixando a impressão de que não havia muito mais o que fazer. Com seus 101 minutos, acaba parecendo um pouco mais longo, sobretudo pela insistência da repetição dos mesmos planos aéreos pela cidade. O filme ganharia em dinamismo se enxugasse ali uns dez minutos, mas pela proposta e pela clareza nas sequencias, vale uma espiada da parte de quem curte o gênero ação/pancadaria. Ficou a leve curiosidade sobre como vai ser a carreira de Keanu Reeves daqui para a frente e se Chad Stahelski vai evoluir em matéria de estilo.
Mais um Velocidade Máxima a caminho?
[su_youtube url=”https://www.youtube.com/watch?v=hPYz9Yz6ekA&list=UUDk58oTs0DAV0M48XOzoQEg”]