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GAROTA EXEMPLAR – Revelando as camadas! (Estreia em 02/10)

Garota Exemplar

Normalmente, o nome David Fincher já gera o interesse de qualquer cinéfilo mais antenado. Com razão, pois o cara já mostrou a que veio faz tempo. Sua presença, como diretor, até diminuiu bastante as reservas a respeito da escalação de Ben Affleck como protagonista de Garota Exemplar (Gone Girl), adaptação do sucesso editorial homônimo de Gillian Flynn*. A autora também assina sozinha o roteiro do filme, o que não necessariamente é garantia de qualidade, mas como estamos falando de um filme cujo diretor já tem prestígio para escolher (bem) seus projetos, já vamos assistir partindo do pressuposto que ele tinha algo bom em mãos.

*Publicado no Brasil pela Editora Intrínseca.

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Garota Exemplar apresenta Amy, conhecida como “Amy Exemplar” (Amazing Amy) graças ao sucesso de uma figura de livros infantis, criados por seus pais. A personagem foi calcada na menina perfeita da vida real, que se destacava em todas as atividades nas quais se envolvia, mesmo depois de adulta. Após conhecer Nick Dunne, a atração mútua acaba em casamento, e a narrativa não linear começa com o casal nesta circunstância, quando Nick, ao voltar para casa, encontra indícios de arrombamento e Amy desaparecida. O circo da mídia em torno da celebridade ganha proporções absurdas, quando o marido passa a ser suspeito de mata-la. É claro que determinados detalhes, da vida doméstica do casal, virão à tona na investigação.

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Interpretar alguém sob tamanha pressão é uma tarefa complicada, pois cair no exagero é fácil. Talvez outro ator como Nick Dunne, no lugar de Ben Affleck, pudesse acrescentar algo ao filme, mas a verdade é que a inexpressividade do rapaz não é um impedimento ao bom andamento da história. Parece até que essa limitação era consciente por parte do diretor, que soube trabalhar com o que tinha, e usou o ar abobado que o galã exibe em alguns momentos como ferramenta. Rosamund Pike, como Amy, leva para a tela exatamente aquilo que o papel exige, tanto em termos de beleza como de expressão geral. Fica muito fácil para o público “comprar” o conceito da “Amy Exemplar” e todo estardalhaço desencadeado pelo seu sumiço.

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Com uma duração mais longa que a média, 149 minutos, o suspense não foi prejudicado e o filme não se torna arrastado em momento algum. A grande jogada é que Fincher não criou algo apenas tenso e dramático, mas também carregado de ironia, sem fazer graça apenas como alívio cômico. Curioso como isso não entra em conflito com a fotografia de Jeff Cronenweth, que já trabalhou com o diretor em Clube da Luta, A Rede Social e Millenium: Os Homens Que Não Amavam As Mulheres. Aqui, ele faz algo muito semelhante nas cenas escuras, com tons pesados de verde e amarelo, mantendo uma assinatura visual que é coerente com a proposta. Na trilha sonora, não menos importante, Trent Reznor e Atticus Ross, fizeram um belo trabalho com notas dissonantes e incômodas, lembrando o que haviam feito em Millenium.

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Finalizando, Ben Affleck é um cara sortudo. Ele pode até nunca melhorar como ator, mas como também é cineasta – e dos bons – pôde aproveitar ali, de perto, uma aula de como conduzir um filme. Ainda foi pago para isso…

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