Primeira parte AQUI
O início desta fase anunciava a liberdade cinematográfica para os diretores e nascia uma nova geração de cineastas que tinha o comando em relação aos produtores, fato que pode ter sido a maior revolução no cinema americano. Se alguma vez houve uma década de diretores, foi essa. Coletivamente, tinham mais poder e prestígio do que nunca.
Steven Spielberg, que também fez parte da nova sofra de diretores americanos quando fez seu primeiro filme, Encurralado de 1971, resumiu dizendo que “A década de 70 foi a época em que restrições de idade foram abolidas e jovens tiveram permissão para tomar tudo de assalto com toda sua ingenuidade, toda sua sabedoria e todos os privilégios da juventude. Foi uma avalanche de ideias novas e ousadas e, por isso, os 70 tornaram-se um marco”.
E como tentar caracterizar os filmes deste movimento e entender o que os faziam diferentes dos outros e comuns entre si?
Em primeiro lugar, a revisão e desconstrução dos gêneros. O Western, o Policial, o Terror, a Ação, o Drama, a Guerra, e até a Comédia não eram mais os mesmos. O herói, glorificado pelas décadas anteriores, dava lugar ao anti-herói. O bem contra o mal não era mais relevante e temas que até então eram pouco ou nunca explorados, como o homossexualismo, o choque de gerações, a revolução, o anti-patriotismo, a violência, as drogas, eram expostos como nunca antes. O pessimismo presente na sociedade e os valores em transformação, eram transpostos para as telas e os famosos finais felizes não se encaixavam mais. O público protestava contra o sistema e o interesse era por mais realismo nos cinemas também. Assim, Bonnie & Clyde, Sem Destino, Midnight Cowboy e A Última Sessão de Cinema, foram exemplos de grande sucesso nos primeiros anos do movimento, por estarem mais conectados com o que o espectador desejava ver na época.
Porém, há um legado de obras-primas de uma geração que até hoje tem grande expressão no cinema, alternando entre grandes investimentos e baixos orçamentos em suas filmografias, como Francis Ford Coppola (trilogia O Poderoso Chefão de 1972, 1974 e 1990, A Conversação de 1974 e Apocalipse Now de 1979), Martin Scorsese (Caminhos Perigosos de 1973 e Taxi Driver de 1976), William Friedkin (Operação França de 1971 e O Exorcista de 1973), além de outros que não tiveram uma carreira consistente após a Nova Hollywood, mas realizaram obras contundentes e de suma importância para esta fase, como o cineasta Peter Bogdanovich, diretor de A Última Sessão de Cinema em 1971. O fim desta era é considerado após o grande fracasso de bilheteria do longo O Portal do Paraíso, de Michael Cimino, em 1980. A partir daí, os produtores retomam sua autonomia, o cinema autoral perde força, nascem os famosos blockbusters e entra em cena a alegria e juventude dos anos 80…
Contemporâneos da época, Spielberg e George Lucas foram também responsáveis indiretos na queda desta fase. O sucesso comercial de Tubarão em 1974 e os efeitos especiais revolucionários de Star Wars em 1977, devolveram à Hollywood a importância das grandes produções na década seguinte e o nascimento das franquias de sucesso. Spielberg foi o responsável por inúmeros clássicos de entretenimento, tanto na direção quanto na produção, como E.T. em 1982 e a franquia Indiana Jones em 1981, 1984 e 1987. Hollywood voltou a ser a “fábrica de ilusões”.
Enfim, comentar sobre os inúmeros filmes que compõem este movimento, ou quais fazem parte de seu estilo, é papo para muito tempo e renderia mais matérias. Vamos ficar por aqui, por enquanto, e deixamos vocês para procurar conhecer mais sobre o movimento através de leitura e, principalmente, assistindo alguns destes filmes que se tornaram clássicos atemporais.
Então, neste caso, aqui vai uma lista rápida de 20 filmes (longe de ser uma lista definitiva) que traz alguns exemplos da Nova Hollywood que, se você assistiu boa parte deles, conhece o que este movimento trouxe de bom e inovador. Se você assistiu somente alguns, corra atrás dos outros, mas se não viu nenhuma destas sugestões, certamente você não leu esta matéria por inteiro…
Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas (1967) de Arthur Penn
A Primeira Noite de um Homem (1967) de Mike Nichols
Na Mira da Morte (1968) de Peter Bogdanovich
O Bebe de Rosemary (1968) de Roman Polanski
Midnight Cowboy (1969) de John Schlesinger
Sem Destino (1969) de Dennis Hopper
Meu ódio será sua Herança (1969) de Sam Peckinpah
MASH (1970) de Robert Altman
A Última Sessão de Cinema (1971) de Peter Bogdanovich
Operação França (1971) de William Friedkin
Laranja Mecânica (1971) de Stanley Kubrick
O Poderoso Chefão (1972) de Francis Ford Coppola
O Exorcista (1973) de William Friedkin
Terra de Ninguém (1973) de Terrence Mallick
A Conversação (1974) de Francis Ford Coppola
Taxi Driver (1976) de Martin Scorsese
A Outra Face da Violência (1977) de John Flynn
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977) de Woody Allen
O Despertar dos Mortos (1978) de George A Romero
O Portal do Paraíso (1980) de Michael Cimino
E fique a vontade para comentar e lembrar sobre outras sugestões também, pois a lista geral é enorme!!