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The Legend of Zelda: Ocarina of Time Perfect Edition – Por Hyrule!

Ocarina of Time Perfect Edition faz renascer o amor pelo clássico RPG

Na maior parte das vezes, dizer algo do tipo “se você nunca jogou tal jogo” ou “se você nunca viu tal desenho”, seguido de “você não teve infância”, costuma ser apenas uma hipérbole para efeitos cômicos. Mas, sem hipérbole nenhuma, se você cresceu nos 80/90 e nunca jogou nenhum Zelda, você não teve infância, e eu sinto muito por você. Mas, se você quiser entender ao menos um pouco do porquê a saga de Link ser tão celebrada, pode aproveitar o ótimo lançamento da Panini, o mangá The Legend of Zelda: Ocarina of Time – Perfect Edition.

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ocarina of time

Entenda uma coisa, amigo leitor: para quem jogou os RPG’s da Nintendo nos anos 90, Ocarina of Time não é apenas um bom jogo – é uma obra-prima dos games. Algo tão próximo da perfeição que, mesmo em uma indústria que se expande em progressão geométrica, deixando para trás velhos jogos no limbo do esquecimento com a mesma velocidade em que lança novos, Ocarina ainda tem lugar cativo na memória e no coração dos jogadores.

E isso se deve a um fator muito específico – sua história. Sim, ok, Ocarina era o primeiro jogo em 3D da saga (lançado para o N 64), mas isso não era realmente o principal. No primeiro volume de sua saga, Link fazia o feijão com arroz do herói da fantasia: coletava itens mágicos, derrotava o vilão e salvava a princesa.

Porém, conforme os jogos iam sendo consistentemente sendo lançados – hoje, o herói figura em nada menos que 19 títulos – a trama envolvendo as forças mágicas da terra de Hyrule se tornava mais complexa, principalmente quando começou a mexer com viagens e deslocamentos no tempo; parece até estranho falar de um jogo de fantasia, cuja narrativa se baseia em viagens no tempo e linhas temporais alternativas. Mas é por essas e outras que The Legend of Zelda é genial: mesmo sempre trazendo os mesmos personagens e elementos, cada jogo dá um jeito de nos surpreender genuinamente.

E, claro, uma história tão genial pedia por uma adaptação. Zelda ganhou um desenho animado nos EUA no final dos anos 80, começo dos 90, que só provava a velha máxima: adaptações transmídia normalmente são um saco de estrume. Não precisa muito esforço para tentar lembrar quantas adaptações de games para filmes ou quadrinhos deram certo. Eu te dou a resposta: dá para contar nos dedos de uma única mão.

Adaptação digna da Triforce

Para nossa imensa alegria, a adaptação do duo que atende por Akira Himekawa (duo, pois o nome é um pseudônimo para duas artistas, A. Honda e S. Nagano) é absolutamente digna do material original. Embora não seja uma obra-prima dos mangás como o jogo o é para os games, a transposição da complexa e rica trama de Ocarina of Time para os quadrinhos oferece uma experiência extremamente agradável mesmo para quem não conhece o jogo, mas é fã, por exemplo, de histórias de fantasia.

ocarina of time

A adaptação não oferece muitas diferenças em relação à trama original: Link chegou muito pequeno na aldeia dos kokiri. Lá foi criado, mas sem nunca realmente pertencer àquele lugar, pois algumas coisas, como o fato de não possuir sua própria fada companheira, o tornavam alguém deslocado. Porém, quando a Grande Árvore Deku é possuída por uma força maligna, e uma sombra se projeta sobre a aldeia, colocando até mesmo a princesa Zelda em perigo, o mentor kokiri não tem outra alternativa senão confiar na força do Herói do Tempo.

Ocarina of Time é composto como um mangá seinen padrão – mas não são apenas homens jovens que podem curti-lo. Por dois motivos – primeiro, é uma história de fantasia clássica, muito mais voltada ao desenvolvimento da sua ótima narrativa do que no uso de violência ou recursos análogos para prender a atenção do leitor, tornando o mangá acessível e divertido para todos; segundo, por ser uma adaptação fiel e fidedigna do jogo do mítico Shigeru Miyamoto e Eiji Aonuma, conta com um profundo efeito nostálgico no público mais velho, que conheceu e se apaixonou pelo jogo na época de seu lançamento.

Mangá acrescenta ao jogo

A arte da dupla Himekawa também não deixa a desejar – embora, em alguns momentos, o sombreamento pesado e as hachuras para imprimir dinamismo acabem poluindo um pouco as páginas, na maior parte do tempo o mangá é belamente desenhado, com todos os designs do jogo sendo reverenciados, mas também devidamente explorados na necessidade da mídia em que está. Os cenários e roupas são ricamente detalhados, ao ponto de oferecerem uma imersão ainda maior naquilo que é mostrado no jogo, fazendo com que o mangá Ocarina of Time contribua objetivamente com o jogo Ocarina of Time (como se você não fosse jogar de novo depois de ler…).

Não somente isso, mas Himekawa também respeita as inevitáveis diferenças de mídia – em Ocarina, sendo um RPG eletrônico, a possibilidade de condução da narrativa depende muito mais do jogador do que do jogo – e, no lugar de tentar adaptar literalmente a trama, escolhe conduzi-la da sua própria maneira. O que significa que, não só o mangá contribui esteticamente para o jogo, mas também narrativamente, visto que existem algumas diferenças pontuais, mas muito relevantes, que Himekawa explora para tornar a história do mangá mais fluida e trazer uma profundidade aos protagonistas que, no jogo, era impossível.

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Temos que mencionar o acabamento da Panini também. É digno do material que oferece, com uma bela capa cartonada e orelha, com design em relevo e muitas elegância, por um preço que mal dá para acreditar que é a Panini que está pedindo por um material desses. É aquele velha história do relógio parado que acerta duas vezes no dia.

Para melhorar ainda mais, The Legend of Zelda: Ocarina of Time Perfect Edition é apenas a primeira de cinco adaptações da dupla Himekawa para as histórias da saga. O que significa que, na pior das hipóteses, ainda temos mais quatro maravilhosos mangás estrelados pelo Herói do Tempo ainda no aguardo para desembarcar no Brasil. A Panini já anunciou que vai traze-los em ritmo bimestral.

Onde diabos deixei minha Ocarina pra adiantar oito meses no tempo?…

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