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O novo lado alternativo da DC – o possível futuro da editora!

Young Animal é uma nova empreitada da DC sobre quadrinhos adultos!

Há mais de um ano (mais exatamente em 26 de maio de 2016), a DC Comics teve a sacada de fazer um “mini-reboot” em seu universo, através do arco Renascimento (cujas revistas estão saindo no Brasil) fazendo-o voltar a ser como era antes dos Novos 52.

Eu, particularmente, apreciei tal decisão, dado o fato que não me agradou muito as direções que as revistas (e seus personagens) tomaram. Mas não estamos aqui para falar de Renascimento. Ah não, não estamos. Estamos aqui para falar de algo mais interessante.

Também ano passado, a editora criou um novo selo, chamado Young Animal e, ainda que seja homônima à uma revista japonesa voltada ao público, digamos “jovem adulto” masculino (sem comentários aqui). Esse selo só tem em comum o fato de que… crianças não deveriam ler.

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“Espera”, você me interrompe, “não existe o selo Vertigo para isso?”. “Veja bem”, eu respondo, de forma calma, “é muito mal educado interromper os outros.” O fato é que sim, o selo Vertigo existe… eu gostaria de dizer “firme e forte”, mas seria mentira. E, ainda que o selo encontra-se estagnado, a criação do Young Animal não visa o mesmo tipo de histórias ou nicho nem substituí-lo, como ficará claro mais abaixo.

Conhecendo a Young Animal

O selo tem como nome principal Gerard Way, que é o “curador” do selo, além de escrever Patrulha do Destino. As histórias da Young Animal se passam no universo DC tradicional, e mostram o lado “alternativo” que você não vê na revista da Liga da Justiça, por exemplo.

Com desenho de Nick Derington, o carro-chefe, Patrulha do Destino, é o melhor exemplo disso. Não fica claro se a Patrulha é a mesma que apareceu nos Novos 52 ou se é pré-Ponto de Ignição, já que diversos elementos introduzidos por Grant Morrison estão presentes. A personagem principal, no entanto, é Casey Brinke, uma paramédica que se vê rodeada por estranhos acontecimentos (em geral, envolvendo os membros da Patrulha).

Tenho que ser honesto, o ponto mais fraco da história é a própria Casey. Se você é fã da Patrulha, ficará levemente desconfortável com o fato de que a história gira em torno dela (literalmente falando), e personagens clássicos como o Homem-Robô são quase sempre só coadjuvantes de luxo. Note, contudo, que o fato de que a história é completamente insana te ajuda a relevar esse fato.

Cave Carson Has a Cybernetic Eye (em tradução livre “Cave Carson tem um Olho Cibernético”) é melhor exemplo do que a Young Animal traz a mesa – uma sequência direta das histórias do personagens, que datam de 1960. Ele e um time de exploradores utilizavam a “Toupeira”, um carro capaz de perfurar o chão e explorar o subsolo.

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Agora, mais velho, é forçado retornar a ativa quando, após a morte de sua esposa, membros de uma tribo subterrânea começam a sofrer estranhas mutações. Acompanhado de sua filha Chloe e o Cachorro Raivoso (que os leitores de hoje só devem conhecer porque ele apareceu na série do Arrow), ele busca descobrir o que está acontecendo. escrita por Jon Riviera e Gerard Way, tem o desenho de Michael Avon Oeming, que dá um visual Batman: The Animated Series, que deixa a história ainda melhor.

Shade the Changing Girl é a sucessora direta de Shade the Changing Man, o que é bem interessante. Quando você leva em consideração que o Shade original foi uma das primeiras revistas da Vertigo (er, eu sei, existe um Shade the Chaging Man, criado pelo Steve Ditko, mas ele foi meio que ignorado depois da versão Vertigo).

Escrita por Cecil Castellucci e desenhada por Marley Zarcone, conta a história de Loma, uma alienígena do planeta Meta – igual ao Rac Shade – que rouba sua M-Vest (“M” de “Madness” ou loucura), que permite distorcer a realidade. Assim como Rac passou a habitar o corpo de um homem que seria executado na cadeira elétrica, Loma passa a habitar o corpo de uma menina em coma e passa se denominar Loma Shade, em homenagem à Rac, que ela idolatra.

Loma então passa a lidar com o estranho cotidiano (humano), bem como a hostilidade das outras pessoas, pois a garota que ela agora habita… vamos dizer que é a típica adolescente FDP de filme americano.

Mother Panic é escrita por Jody Houser, com desenho de Tommy Lee Edwards, e é provavelmente a revista mais fraca da linha. Se passando em Gotham, conta a história de Violet Paige, uma típica socialite encrenqueira, do tipo que fica aparecendo em revistas com escândalos.

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Mas isso é só para encobrir sua outra identidade secreta, Mother Panic. Se a história é familiar, é porque é. Ela funciona como uma “anti-Batman” (inclusive, se veste de branco, que o próprio Morcegão fala ser algo diferente), e seu objetivo é se vingar das pessoas que fizeram dela o que é hoje.

E temos Bug the Forager, que segue o personagem Forrageiro, criado por Jack Kirby, que morreu na Odisseia Cósmica, saga espacial de 1988. É relevante explicar isso, pois a história mostra esses eventos. O Forrageiro, que deveria estar morto, passa a encontrar diversos outros personagens criados por Kirby, tais como Sandman (o segundo, Garrett Sanford), Atlas e o Caçador. Escrita e desenhada pela “família Allred”, Lee, Michael e Laura Allred.

Cerejas do bolo

Além disso, cada revista é acompanhada de curtas histórias extremamente estranhas, que fazem, em geral, menção aos primórdios da DC – o que mais me chamou a atenção foi Super Powers, publicada em Cave Carson, que mencionava desde os Super Gêmeos até um personagem obscuro criado em uma história por Jack Kirby… e eu só reconheci o personagem, pois tinha lido uma compilação de histórias obscuras que a DC lançou recentemente, comemorando os 100 anos do Rei.

Quando essas histórias foram interrompidas, foram substituídas por estranhas “atividades de colorir”, sempre tendo o vilão Bane como foco.

“Ah, legal”, você comenta, “e por que não chamou esse artigo de ‘Young Animal: o novo lado alternativo da DC?”. “Então”, eu respondo, educadamente, “eu não te digo como fazer seu trabalho.” Porém, o fato é que… não é tudo. Resta ainda Senhor Milagre.

Se passando em meio ao arco Renascimento, com roteiro de Tom King e desenho de Mitch Gerards, Senhor Milagre acompanha Scott Free, depois de um estranho incidente. Sendo o maior mestre de fugas de todos os tempos, ele tenta sua fuga mais insana: escapar da morte. E isso é só o começo.

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Estaria Scott alucinando, ou Darkseid realmente conseguiu a equação anti-vida e matou o Pai Celestial? Oberon está vivo ou morto? Paranoia, incongruências, inconsistências e peças que não se encaixam fazem dessa revista um mix único. DARKSEID IS!

Na guerra das editoras, a DC tem se saído melhor. O que mais chama atenção é que, mesmo nesse lado alternativo, a DC mostra que suas raízes são importantes e as ostenta com orgulho. A Marvel agora parece ter percebido isso. Vamos ver se ela fará um “Young Animal” seu também.

Mas se for mais parecida com a versão japonesa, eu não vou ligar. (Nota do Editor: essa opinião é restrita ao colunista psicopata).

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