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Igualdade sexual e fetiches na MULHER-MARAVILHA de GRANT MORRISON (FINAL)

Já leu a primeira parte? Está AQUI!

Finalizando a tradução da matéria originalmente publicada no The Guardian, Grant Morrison continua a falar de sua Mulher-Maravilha, mas sobra espaço para polêmicas antigas e projetos para o futuro. Confira!

Steve Trevor, militar e interesse romântico que cai na exclusivamente feminina Ilha Paraíso, aparecerá no tribunal da versão de Morrison. “Steve se levanta e fala pelos homens sobre as mulheres – ele é o primeiro homem permitido nessa ilha e vai em frente, ‘OK, isso é que nós pensamos’. Além disso, sem entregar muito, isso me permitiu explorar as diferenças entre um julgamento convocado por uma sociedade feminina, utópica e iluminada, e aquilo que pensamos sobre o que deve ser um julgamento.”

Com a debandada de super-heróis masculinos para a tela grande nas últimas duas décadas, a Mulher-Maravilha tem sido meio que uma coadjuvante (o filme de Joss Whedon com a super-heroína nunca foi feito). Morrison parece ser o cara para mudar o estado das coisas. O roteirista, que se concentra na história deixando a arte para outros, teve sua inspiração em Beth Ditto*: a personagem clássica Etta Candy foi renomeada como Beth Candy e retornou à sua glória curvilínea.“Ela é a maior e é a parceira da Mulher-Maravilha. Eu procurei colocar o máximo de relacionamentos entre mulheres quanto possível – existe a Mulher-Maravilha e sua professora, Mulher-Maravilha e sua mãe, Mulher-Maravilha e a menina da escola que ela meio que gosta. Eu queria montes de relacionamentos femininos para mostrar que não há apenas um tipo de mulher e ela não representa todas as mulheres.”

*(Beth Ditto é a vocalista da banda de indie rock “Gossip”, lésbica e defensora dos direitos dos homossexuais)

A gordinha Etta Candy. Parceira ocasional na Era de Ouro.

A gordinha Etta Candy. Parceira ocasional na Era de Ouro.

Beth Ditto. Inspiração para a nova versão de Etta Candy.

Beth Ditto. Inspiração para a nova versão de Etta Candy.

Ele se preocupa sobre como os fãs receberão isso? “É um álbum de 120 páginas – se olharem apenas partes, eles ficarão bravos de verdade comigo. É bem provocativo. Mas se você ler todas as 120 páginas, é totalmente auto-contido e faz sentido. Estou contando que as pessoas responderão a isso como uma peça completa.

Se The Trial of Diana Prince causar controvérsia, não será a primeira de Morrison. Uma vez ele brincou sobre atropelar Mark Millar, colega roteirista de quadrinhos e conterrâneo escocês, que trabalhou em Quarteto Fantástico e Kick-Ass. Muitos não encararam como piada. Fora isso, a primeira coisa que Morrison fez quando começou a escrever Batman em 2006 foi dar ao cavaleiro das trevas um filho ninja assassino. Depois, ele o fez lutar contra o diabo.

“Isso me deprime um bocado,” ele diz. Tem sido um ano difícil para o escritor, com perdas pessoais e o fim de sua jornada de sete anos em Batman. “Este tem sido um dos mais horríveis anos da minha vida. Minha mãe morreu alguns meses atrás, dois meses antes disso, meu gato morreu. Ele nasceu no meio das páginas de Os Invisíveis (Série de Morrison sobre uma organização secreta lutando contra opressão psíquica) em 1995. Ele sentava comigo na mesa e cantava junto quando eu tocava guitarra. Isso era realmente comovente. E então, dois meses depois, minha mãe morre, não necessariamente de forma inesperada, mas muito mais rápido do que achávamos. Então, sim, foi um ano muito estranho. Eu encerrei bem o Batman, terminei Superman. Agora, eu levanto todos os dias e trabalho em projetos que estou totalmente focado, sem prazos. É um sentimento maravilhoso, como estar fazendo as coisas que fazia quando era adolescente. É simplesmente ótimo.”

Aqueles primeiros trabalhos, de Gideon Stargrave a Capitão Clyde, infelizmente estão indisponíveis para impressão, mas um título em particular, do fim dos anos 1980, apareceu nas notícias no começo deste ano. A Rebellion, editora da 2000 AD, anunciou que planeja republicar Zenith, o super-herói subversivo de Morrison. Superficial, sarcástico e frequentemente usado como um meio de Morrison criticar o Partido Conservador,terminou seus cinco anos de publicação em 1992. Zenith tem estado fora de catálogo desde então, devido a uma disputa legal sobre os direitos. Então, o anúncio da Rebellion sobre uma pré-venda de um volume da coleção completa em capa dura, por £ 100, fez muitas sobrancelhas se levantarem, com Morrison incapaz de comentar o caso. Mas, escolhendo as palavras cuidadosamente, o escritor agora pode falar um pouco sobre o que acontece.

Zenith, o super-herói roqueiro!

Zenith, o super-herói roqueiro!

“Bem, é muito simples,” ele começa com um estremecimento. “Nós, uh, nós gastamos 5.000 em honorários advocatícios. Eles mandaram cartas(para a Rebellion). Estávamos muito ansiosos para discutir e nunca recebemos nada de volta deles. Tudo que posso dizer é que tentamos começar uma discussão com eles e simplesmente não retornaram. Eu não sei o que fazer nesta fase.”

Ele parece realmente chateado, até pelos fãs com orçamento apertado que vão achar £ 100 um valor salgado. Ainda assim, há muito para ser otimista. Mulher-Maravilha está quase completo, e um novo projeto da DC chamado Multiversity está encaminhado. Vai apresentar, entre outras coisas, um Superman negro. E a parte final de Seaguy para o próximo ano. “É honestamente o melhor que já escrevi,” diz Morrison sobre o super-herói sem poderes com roupa de mergulhador. “Nunca vendeu bem, mas é uma coisa minha. Eu quero que Seaguy permaneça como minha declaração sobre vida, morte e o universo.” Lembrando que, até recentemente, Seaguy tinha um atum fumando charuto como parceiro, esse não é um desejo comum.

Seaguy

Seaguy

Link da matéria original AQUI!

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