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Entrevista com William Gibson sobre sua HQ!

Archangel, de William Gibson!

Em maio, os fãs terão a oportunidade de conferir a primeira experiência de William Gibson em uma HQ. Conforme comentamos AQUI, este grande nome da ficção científica, autor de Neuromancer e A Máquina Diferencial, entre tantos outros, é responsável por Archangel, minissérie em quatro partes da IDW, desenhada por Butch Guice.

Em parceria com o ator Michael St. John Smith, o texto foi originalmente concebido como um roteiro para cinema. Archangel mostra uma versão bem diferente do ano de 2016, graças a uma máquina chamada Splitter, capaz de interferir com as realidades alternativas e alterar a história.

O autor deu uma entrevista ao CBR, falando sobre esse trabalho. Segue a parada traduzida, com mais imagens exclusivas do mesmo site. Torçamos para que seja lançado no Brasil!

Confira!

Capa do #2 assinada po Tula Lotay!

Capa do #2 assinada po Tula Lotay!

Por que você decidiu transformar Archangel, um roteiro escrito com Michael St. John Smith, em uma série de HQ na IDW?

A IDW me procurou com a proposta de adaptar um romance. Pensei imediatamente em Archangel, que estava em forma de roteiro cinematográfico naquele momento. Eu gostei mesmo da história que fizemos, mas não parecia se movimentar naquele formato. Quando eu tentei imagina-la em quadrinhos, então senti que se encaixou imediatamente.

Archangel - William Gibson e Butch Guice

Arte de Butch Guice!

Era uma mídia que você já tinha interesse em explorar?

Eu penso que estava apenas esperando pela coincidência certa, que tende a ser o jeito como me envolvo com formatos em que nunca trabalhei. Estou realmente surpreso que tenha levado tanto tempo para acontecer, pois tenho acompanhado os quadrinhos evoluírem por toda minha vida.

 

Foi preciso acostumar-se ao novo formato enquanto preparava o texto?

Na verdade, não muito. Se não posso visualizar algo vividamente, não consigo mesmo descrevê-lo em prosa. Penso em mim como um escritor visual. E já escrevi roteiros de cinema suficientes para estar confortável visualizando em um quadro, o que não é uma necessidade em prosa. No caso da prosa, é mais como visualizar do ponto de vista do protagonista.

archangel-2

Arte de Butch Guice!

Archangel enfoca um 2016 que é bem diferente do que nos é familiar. Quais são as maiores diferenças que os leitores verão?

É um trama de cenário histórico alternativo / mundos paralelos e eu não gostaria de entregar muito disso, pois é uma parte inerente de nossa narrativa. Mas eu diria que um dos primeiros termos que tínhamos para descrever o material era “Band of Brothers vs. Blackwater”.

 

Butch Guice tem um estilo de arte forte e marcante. Existe algum trabalho em particular que fez você perceber que ele seria ótimo em Archangel?

Eu vi Winterworld #1, depois algum material dele envolvendo Segunda Guerra. Foi instantaneamente a primeira escolha.

Arte de Butch Guice em Winterworld #1!

Arte de Butch Guice em Winterworld #1!

O que você pode nos contar sobre a máquina Splitter e a esperança que isso oferece para a humanidade?

A Splitter divide linhas do tempo, criando garfos na História, logo, isso é um elemento padrão em tramas sci-fi. Ainda assim, creio que estamos fazendo um uso interessante disso, em parte porque nossa linha do tempo aqui, hoje, torna-se um produto da Splitter, e com todos os nossos problemas em nosso 2016 real, temos sorte se compararmos com todos os outros na linha do tempo original, onde construíram a Splitter como tentativa de fuga. Isso é spoiler, mas acho que passa tão rápido na HQ que muita gente poderia perder, então não me importo de comentar.

O trabalho com essa história foi a origem de toda a ideia dos “tocos”, do meu mais recente livro, The Peripheral*. Isso e escrever a introdução da nova edição de The Alteration, de Kingsley Amis, uma das minhas histórias alternativas favoritas.

*Livro de 2014 com uma trama de futuros múltiplos.

Archangel - William Gibson e Butch Guice

Arte de Butch Guice!

Quem são os personagens humanos de Archangel? Em quem a história foca?

Existem três protagonistas: Naomi Givens, uma oficial da Inteligência da RAF (Força Aérea Britânica) na Berlim de 1945; Vince, seu ex, um oficial americano da OSS, no mesmo tempo e lugar; o Piloto, assim chamado, um fuzileiro americano de uma América rústica em 2016, mas ele desempenha um papel de infiltrado. Naomi gosta de ficção científica, Vince e o Piloto gostam de Naomi, então existe um certo desconforto no triângulo. Os malvados são todos do garfo de 2016 e são os únicos personagens bombados no estilo Marvel. Os caras do bem parecem como humanos reais de 1940! Berlim de 1945 é um lugar fácil para encontrar personagens de apoio, um lugar movimentado.

 

Na ficção, a humanidade tende a ferrar com um mundo antes de se mudar para outro. Por que você acha que esse elemento continua a ser explorado em tantas formas variadas?

Há uma teoria de que mudar-se para o próximo mundo é uma coisa Americana, pois América era o próximo mundo, e na América, se você ferrasse tudo, poderia ir para o oeste e começar de novo. Na Europa, por exemplo, tudo acontece, literalmente, nas ruínas do passado. Algo que, com certeza, fez a ficção científica britânica e europeia mais madura desde o início. Mas acho que essa divisão vem diminuindo, mais ou menos, durante minha vida, enquanto a América cresce. Mas a História alternativa, aquela narrativa  “E se X tivesse sido Y”, tem encontrado um lar em ambos os lados.

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