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Eu, Robô – Contra Complexo de Frankenstein

Eu, Robô, publicado originalmente em 1950, é uma coletânea de nove contos que acontecem durante uma longa linha do tempo que percorre décadas da história da robótica pelo ponto de vista da psicóloga de robôs Susan Calvin, mostrando desde os primeiros robôs, que eram humanoides de metal gigantes e desengonçados, até os mais evoluídos, que mal se diferenciam dos próprios seres humanos.

Junto com Arthur C. Clarke (As Fontes do Paraíso), Phillip K. Dick (Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?) e Robert A. Heinlein (Tropas Estelares), Isaac Asimov é um dos grandes ícones da literatura de Ficção-Científica. Formado em Bioquímica, o autor possui uma obra extensa e interessantíssima, que marcou o gênero principalmente nos conceitos de interação entre os seres humanos e inteligências artificiais.

Isaac Asimov (1920-1992)

Isaac Asimov (1920-1992)

A obra foi uma inovação literária no modo de se pensar sobre os robôs. Antes de Asimov, as histórias que falavam sobre criaturas feitas por humanos possuíam o chamado Complexo de Frankenstein, em que a criatura sempre se volta contra o criador. Para o autor, esse conceito pessimista não era muito lógico, pois, os humanos conseguiriam pensar em meios de se proteger. Foi aí que surgiram as famosas “Três Leis da Robótica”:
1) Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.

2) Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei.

3) Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Lei.

É com base nas Três Leis que os contos desenvolvem suas tramas, e é aí que está o ponto forte de Eu, Robô.

Eu, Robô

Ilustração do conto “Mentiroso!” – Ilustracão de David Keen

As Leis da Robótica são fundamentais dentro do Universo da obra e o leitor, sabendo muito bem delas, faz um exercício de raciocínio lógico, junto com os personagens, ao tentar pensar em uma solução para os problemas apresentados nos contos. O estilo de escrita de Asimov funciona à base dessa dialética ascendente, em que dois ou mais personagens discutem através de argumentos e contra-argumentos até chegarem a uma conclusão. Muitos não gostam muito deste tipo de escrita por não haver descrições de lugares e nem muito das características físicas dos personagens, salvo um bigode ou batom mais marcante. Mas no caso de toda ficção que Asimov escreveu, e especialmente Eu, Robô, o foco das histórias é o quebra-cabeça gerado por leis bem definidas e problemas imaginativos.

Eu, Robô

“Eu não temo os computadores. Eu temo a falta deles.” – Arte de John Cox

Por mais que os nove contos sejam independentes um do outro, a obra deve ser lida na íntegra e na ordem apresentada, pois a linha que une as histórias é a evolução da relação Homem x Máquina. Após ler o livro em sua totalidade, o leitor consegue traçar uma linha evolutiva que vai desde a resistência e porque não, racismo de grande parte dos humanos contra os robôs, até o momento em que os seres artificiais tornam-se os guardiões da existência da espécie humana.

A coletânea de contos Eu, Robô é importantíssima para a literatura de Ficção-científica e leitura recomendada para fãs do gênero e também para aqueles que gostam de desafios de lógica!

Eu, Robô

Editora Aleph mandando bem em mais uma edição caprichada!

Obs.: Caso você ainda não tenha lido a obra, saiba que o filme estrelado por Will Smith não é uma adaptação do livro. O longa pega emprestado somente alguns conceitos.

Eu, Robô

Não adianta ficar bravo Will! O que você fez NÃO é uma adaptação de Asimov!

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