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Formiga Elétrica entrevista Duda Falcão, O dono do Mausoléu!

Autor gaúcho é uma das boas novidades no cenário da literatura fantástica nacional

A literatura fantástica brasileira tem rompido um pouco o eixo Rio-São Paulo e dado umas voltinhas na pontinha de baixo do país, mais precisamente no Rio Grande do Sul. É em Porto Alegre que vive e escreve Duda Falcão, autor de contos ambientados no universo fantástico reunidos em coletâneas como Mausoléu, de 2013, e Treze, de 2015, ambas lançados pela Argonautas Editora, que Duda fundou junto com o amigo e também escritor Cesar Alcázar em 2010.

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Duda Falcão!

Duda passou a adolescência se divertindo com filmes de ficção científica e horror e ouvindo muito rock’n’roll. Estas e outras influências ficam evidentes em suas histórias, muitas ambientadas em cidades do Rio Grande do Sul, já que Duda gosta de trazer o universo fantástico para perto, transformando locais turísticos como a serra gaúcha em cenário de aparições um tanto estranhas.

Agora ele se prepara para lançar Crimes Fantásticos, que reúne contos policiais com aquela pitada boa de sobrenatural de vários autores, incluindo o mestre da literatura pulp nacional Rubens F. Lucchetti, responsável, entre outras coisas, por alguns roteiros dos filmes de José Mojica Marins, o eterno Zé do Caixão. Duda ainda organizou a Odisseia de Literatura Fantástica, que teve duas edições na cidade de Porto Alegre e uma em Santa Maria (RS), reunindo autores e fãs do universo de nomes como H.P. Lovecraft e Edgar Allan Poe.

(Curte conhecer autores brasileiros da literatura fantástica? Confira também a resenha de Fúria Lupina – Brasil, de Alfer Medeiros)

Confere aí um papo que o Formiga Elétrica teve com o Duda Falcão!

Formiga Elétrica – Quando começou seu interesse por escrever literatura fantástica?

Duda Falcão – Nos idos anos 80 eu já gostava de assistir filmes no cinema. Acredito que alguns títulos tenham sido bem importantes para alimentar minha imaginação. Vou citar alguns que me lembro agora: E.T: O Extraterrestre, Gremlins, A Hora do Espanto, O Predador, Conan: o Bárbaro, Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, Os Caça-Fantasmas e Guerra nas Estrelas. Naquela década ainda podíamos traduzir os títulos destes filmes. Para a minha infância talvez uma das sagas mais importantes tenha sido Star Wars. A trajetória do herói contra o lado sombrio da força chamou minha atenção.

Desde a infância eu tenho interesse em contar histórias. Adorava desenhar quadrinhos e criar meus próprios personagens. Meu pai assinava um pacote de revistas da Marvel que eu aguardava ansiosamente todos os meses. Na adolescência, tive a iniciativa de escrever uma história de aventura fantástica para um tema de aula.

A professora gostou tanto que fez a leitura para todos os meus colegas. Os comentários sobre o texto me animaram a ponto de me incentivar para a escrita de outras histórias. O tema acabou ficando em exposição na biblioteca da escola. Eu não tinha noção na época, mas foi uma espécie de primeira publicação. Sem dúvida, ao me tornar um espectador e um leitor de narrativas fantásticas desenvolvi o interesse na escrita das minhas próprias histórias.

O fantástico estava presente no cinema, na literatura e em alguns jogos de consoles de videogame como o Atari. A possibilidade de saber mais sobre universos fantásticos, certamente germinou o interesse que tenho por consumir narrativas ficcionais e também ser um produtor de histórias fantásticas.

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FE – Como vê o gênero atualmente no Brasil? Quais são os principais autores nacionais que tu destaca?

DF – Vejo a literatura fantástica brasileira com bons olhos. O mercado ainda dá maior destaque para a produção estrangeira, mas acredito que estamos crescendo a cada dia com o surgimento e a consolidação de mais autores, proliferação de publicações independentes e organização de eventos para fãs.

Vou citar aqui alguns autores que transitam pelo horror, a ficção científica e a fantasia, mesmo sob o risco de deixar outros tantos de fora da lista: Rubens Francisco Lucchetti, Cesar Bravo, Giulia Moon, Roberto de Sousa Causo, André Carneiro, Enéias Tavares, André Cordenonsi, Nikelen Witter, Simone Saueressig, Christopher Kastensmidt e Cesar Alcázar.

FE – Os grandes clássicos da literatura fantástica ainda são a principal fonte de inspiração dos autores? Que clássicos fizeram parte da sua formação como escritor?

DF – Acredito que sim, pois é necessário conhecer determinada tradição literária se você está interessado em trilhar os seus caminhos e desvendar os seus segredos. Isso, no entanto, não é suficiente. Também é importante conhecer a produção atual.

O primeiro dos clássicos que eu li foi o livro Histórias Extraordinárias do Edgar Allan Poe. Depois dele tive oportunidade de ler Drácula do Bram Stoker (confira o Formiga na Tela sobre o assunto) e Frankenstein da Mary Shelley. Conheci o trabalho de Ray Bradbury*, no final da década de oitenta, com O país de outubro. No início dos anos noventa li o meu primeiro Lovecraft: A tumba e outras histórias – publicado pela Francisco Alves Editora.

*(Acesse depois as resenhas de Fahrenheit 451 e As Crônicas Marcianas)

A partir de então comecei a ler tudo o que encontrava do mestre do horror. Além disso, eu colecionava, na adolescência, A Espada Selvagem de Conan o que me ajudou a ter contato posteriormente com o trabalho em prosa de Robert E. Howard (confira também a resenha de Conan, o Bárbaro). Alguns poderão dizer que na minha lista não existem clássicos. Mas é a minha lista. Eu seleciono o que me forma como leitor e escritor.

FE – Como surgiu a Editora Argonautas? E a Odisseia de Literatura Fantástica?

DF – A Argonautas surgiu da amizade e afinidade literária com Cesar Alcázar. Criamos a editora em 2010 com o intuito de publicar nossos próprios contos e também de outros autores que trilhavam as vertentes do fantástico: fantasia, horror e ficção científica. Tínhamos interesse em editar livros com a estética visual e narrativa das pulps magazines, como a Weird Tales e a Astounding Stories, que foram tão populares nos Estados Unidos durante a primeira metade do século XX.

Já a Odisseia de Literatura Fantástica, que articulei em conjunto com Alcázar e Christopher Kastensmidt, surgiu como um evento que objetivava auxiliar na divulgação de obras literárias fantásticas brasileiras. Nosso escopo era reunir o maior número de autores, editoras especializadas e fãs, em um mesmo local, para ampliar a discussão em torno da produção fantástica com palestras, mesas de bate-papos, oficinas e sessões de autógrafos.

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FE – Está trabalhando em algum livro atualmente? Quais os projetos para o futuro?

DF – Para 2017 organizei com Alcázar a antologia Crimes Fantásticos que será lançada no final de maio pela Argonautas Editora. A temática é policial e está recheada de sobrenatural. Rubens F. Lucchetti, o papa do pulp brasileiro, nos concedeu um texto especialmente para o livro.

Em setembro, teremos sessão de autógrafos do meu quarto livro: Comboio de Espectros. Nesta antologia o horror continua sendo protagonista e estará acompanhado de elementos de espada e feitiçaria, além de pitadas de ficção científica. A publicação será mais uma parceria da Argonautas com a ótima AVEC Editora.

Para 2018 os planos ainda estão sendo articulados… Mas podem aguardar que novas publicações serão realizadas.

Curtiram a entrevista? Não se esqueçam de curtir e compartilhar! E quem quiser conversar com o próprio Duda, pode mandar um e-mail para [email protected]!

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