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Shovel Knight – Uma demonstração de amor aos videogames!

Shovel Knight une a criatividade indie ao desempenho de uma grande plataforma

Shovel Knight é uma produção independente da Yatch Club Games lançada originalmente em 2014, após uma bem sucedida campanha no Kickstarter, tornando-se referência no cenário indie por ser uma rara combinação de qualidade e originalidade em seu nicho.

Fugindo da comodidade de apenas capitalizar em cima da nostalgia dos gamers old school, sua campanha traz um enredo surpreendentemente denso e tocante, que, aliado a um gameplay rico, foi capaz de oferecer um desafio gradativo e inteligente em um jogo 2D de mundo aberto. Mais que um simples platformer, o jogo combinava elementos de progressão de franquias como Zelda, Megaman e Ducktales, com os modelos de mapa e navegação que marcaram o clássico Super Mario 3.

No ano seguinte, conforme prometido, a desenvolvedora ofereceu gratuitamente a expansão Plague of Shadows aos donos do jogo. Apesar de ambientada no mesmo universo e contando com os mesmo chefes e níveis, nela jogávamos com um protagonista diferente, o cavaleiro Plague.

Uma mudança que poderia ter sido irrelevante nas mãos de outra equipe, mas que a Yatch Club soube trabalhar de forma a nos oferecer não apenas um ponto de vista completamente novo do plot e de cada cavaleiro e vilão que já conhecíamos (ou pensávamos conhecer), mas também novos desafios, armas e formas de interagir com os mesmos cenários de forma a renová-los. A ideia era nos inserir numa realidade alternativa, engradecendo a fórmula original sem se afastar dela.

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E chegamos a 2017, com Specter of Torment, tema desse texto e que vinha sendo aguardada como mais uma expansão gratuita do mesmo jogo, que já tinha seu lugar consagrado diante do público e da crítica. Acontece que nossa expectativa moderada foi posta a prova por um conteúdo completamente novo, que poderia inclusive ter dado origem a outro título. Mais uma vez, a equipe responsável pelo jogo escolheu o caminho menos cômodo e arriscou.

O resultado foi uma campanha de jogabilidade tão diferente do material inicial, que chama-la de DLC nos dá até mesmo a sensação de estar subestimando seu trabalho. Entre as inovações, estão uma trilha sonora totalmente renovada, com novas faixas e arranjos, cenários e estágios redesenhados, novos inimigos e, o mais importante, uma campanha verdadeiramente nova!

Se primeiro recebemos um novo ponto de vista da mesma realidade, aqui somos convidados a conhecer o mundo do jogo a partir da formação da Order of No Quarter, da qual fazia parte nosso primeiro guerreiro Shovel. Com duas linhas de enredo se desenrolando em conjunto, iremos também conhecer o drama pessoal de Specter, protagonista atual.

A nova narrativa é sombria, chegando a flertar com o terror e, embora se encaixe perfeitamente na personalidade do guerreiro que agora controlamos, rompe um pouco com a atmosfera sempre leve e engraçada com a qual estávamos acostumados. Embora os exageros de excentricidade de nosso cavaleiro tragam um bem vindo alivio cômico a trama – com direito até a um item cuja única utilidade é fazer uma exagerada pose de soberba – a conversa aqui é mais séria e comprova a versatilidade de seus produtores.

Embora traga uma narrativa de roteiro forte e impecável, capaz de se igualar e até superar muitos jogos AAA, o foco do jogo ainda é o gameplay. E ele veio completamente reformulado. As armas e movimentos agora disponíveis convidam a uma abordagem mais aberta dos inimigos. Se antes cada passo precisava ser pensado com uma frieza que nem sempre era atingida pelo jogador no caos do cenário, resultando em sucessivas mortes para os iniciantes, aqui o embate direto ganha força.

Não que isso tenha facilitado o jogo, pelo contrário – a produtora foi feliz em achar uma solução para que o mesmo estilo de cenário seja explorado com base em novas possibilidades, como escalar paredes e realizar dashs horizontais. Dessa forma temos um jogo ainda mais difícil e recompensador, levando o player a sentir que cresceu com a franquia desde o seu lançamento.

Trata-se de uma abordagem claramente inspirada em Mega Man X, e o mérito da desenvolvedora está em não apenas repetir a fórmula, mas também saber tirar partido dela em cada fase e inimigo do jogo. Por serem os grandes diferenciais do protagonista, esses dois movimentos principais acabam se tornando a base da ação, mas nem por isso se tornam mecânicos ou repetitivos.

Graças a um level design primoroso, e uma precisão que nunca permite ao jogador se sentir injustiçado, o foco aqui é se aplicar para dominar essas novas habilidades, e então usufruir de um jogo que flui de forma impecável do início ao fim.

Versatilidade do Switch pode ser um problema – mas contornável

Tendo sido a DLC uma exclusividade temporária de lançamento no Nintendo Switch, console no qual foi baseado esse texto, é preciso advertir que devido a sua dificuldade mais elevada, ela demanda um nível de precisão que os joycons nem sempre são capazes de oferecer, exceto a jogadores especialmente habilidosos nesse tipo de jogo.

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Mais uma vez nos vemos diante do preço da versatilidade do novo console da Nintendo, e ela se revela uma experiência que de frustrante pode até mesmo levar os novos jogadores, que não possuírem um Pro Controller, a um rage quit devido a ausência do dpad, e a pegada mais frágil dos pequenos controles, ainda que estejam acoplados ao grip ou a tela. Essa questão certamente não se limitará a um único título, e deve ser um ponto de consideração para os players que enxergam o Switch primariamente como portátil, e são ao mesmo tempo fãs do gênero plataforma 2D.

Tratando-se de um prequel em forma de DLC, o universo de novos personagens e tramas que Specter of Torment oferece permite facilmente que ele seja tratado como um conteúdo stand alone – tanto que está sendo comercializado dessa forma.

Embora no final a trama se feche de forma que os eventos de todas as partes até aqui sejam importantes para uma completa percepção do enredo, ainda é possível aproveita-lo sozinho, ou adquirir a versão completa que foi lançada sob o nome de Treasure Trove, para aqueles que ainda não tinham tido a chance de conhecer o que pode ser considerado uma das maiores obras de arte em 8 bits da ultima década.

Não importa qual seja a opção do leitor, estamos falando de uma aquisição indispensável para aqueles que buscam a combinação de um gameplay de excelência com uma historia bem contada, resultando em um trabalho final que demonstra acima de tudo a paixão por video games de seus idealizadores.

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