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Assassin’s Creed: Syndicate – Repetindo os erros do passado!

assassins creed syndicate

Assassin’s Creed Syndicate, lançado pela Ubisoft em outubro de 2015 é o titulo mais recente da franquia, que chegou ao mercado com o desafio de apagar as péssimas impressões deixadas pelas falhas de execução de seu antecessor Unity.

Ambientado na Londres vitoriana e tendo como pano de fundo seus dramas históricos, como a exploração da mão de obra, trabalho infantil e desigualdade social, a primeira novidade da aventura é dar ao jogador o controle de dois protagonistas, os irmãos Jacob e Evie Frye, jovens que tem por objetivo derrotar a supremacia templária na cidade e libertar o povo.

Cada irmão tem características de personalidade distintas e a desenvolvedora teve sucesso ao criar um Jacob irreverente e idealista, mais atento e sensível as urgências do povo a sua volta, enquanto Evie é mais prática e racional, procurando acima de tudo seguir os passos do pai e cumprir sua missão como assassina dentro da ordem.

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Essas diferenças marcantes permitem que o jogador crie vínculos de identificação e escolha com qual personagem quer jogar a maior parte da campanha, já que apenas algumas missões principais impõe a participação especifica de um deles. Já no quesito jogabilidade as promessas da Ubisoft, de que Evie seria uma personagem furtiva e sutil, enquanto Jacob seria ideal para momentos de ação e combate corpo a corpo ficam um tanto esquecidas no decorrer da campanha.

É verdade que cada irmão tem 3 habilidades individuais a serem desbloqueadas e elas se enquadram nos perfis divulgados antes do lançamento, porém na pratica elas não influem no gameplay e como sempre é o jogador quem deve se impor o desafio de finalizar as missões furtivamente, pois o jogo não pune nem mesmo as matanças mais improváveis e feitas em plena luz do dia, independente da sua escolha de personagem.

Quanto a trama principal, a Ubisoft repete alguns erros do passado e a despeito de todo carisma de seus personagens principais, as missões são genéricas e desinteressantes, com diálogos vazios e mal roteirizados. Além disso, a quantidade imensa de side quests contribui para criar um distanciamento que atrapalha ainda mais o jogador na já difícil tarefa de se impactar com cada reviravolta presenciada. Como já aconteceu em outros títulos da franquia, Syndicate se perde em sua grandeza quando o assunto é contar uma historia concisa e envolvente.

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Ainda sobre a trama, um ponto alto de Syndicate são as aparições de figuras historias como Charles Dickens, Darwin, Karl Marx e Alexander Graham Bell. Como já é tradição na serie, temos diversos encontros com essas personalidades durante a campanha e em cada um deles a chance de colaborar com as causas as quais dedicaram suas vidas. Surpreendentemente esses enredos no geral tem mais apelo e objetividade que o do jogo em si, fazendo com que o jogador, mesmo em atividades de poucos minutos, realmente se importe com a luta pelos direitos dos trabalhadores defendida por Marx ou com os esforços de Dickens para ajudar a policia a prender um hipnotista que vem usando seus dons para roubar do povo.

Claro que todos os temas dessas missões são interpretações livres e bem humoradas dos fatos históricos, pois desde o inicio da serie a desenvolvedora deixou claro que não se comprometeria com uma recriação fiel da Historia, decisão essa que se mostra acertada diante da descontração que proporciona.

Em relação a jogabilidade, Syndicate traz o tradicional sistema de árvore de skills para a evolução dos protagonistas e inova ao permitir que o jogador crie sua própria gangue de trabalhadores, os Rooks, que mediante melhorias realizadas com dinheiro e itens conseguidos nas missões e baús encontrados no mapa, irão nos ajudar não apenas a derrotar os templários, mas participar de um sistema de conquista de território bem construído, onde temos a opção de tomar diversas regiões do mapa das mãos do abusivo grupo rival Blighters e a partir desse momento oferecer condições de trabalho justas aos seus moradores.

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Outra novidade bem-vinda foi a introdução de carroças disponíveis para que o jogador não apenas realize missões, mas se locomova livremente nas ruas de Londres. Essa adição deu um descontraído ar de GTA ao jogo, pois as regras de não atacar civis e se comportar de acordo com o juramento de um assassino ficam esquecidas enquanto as conduzimos, com direito até a conquista por destruir a cidade.

As armas, com sua variedade de modelos e formatos, também são um destaque do jogo. É possível usar facas, bengalas com laminas embutidas, soco inglês e pistolas que além de diversificadas podem ser melhoradas através de upgrades. Para conseguir o projeto de cada arma não basta avançar no jogo, mas realmente explorar o cenário em busca de colecionáveis e missões secundárias.

E todas essas melhorias, tanto da gangue aliada quanto de equipamentos, são essenciais para que o jogador evolua até o nível exigido por cada missão da campanha principal. Dessa forma, a Ubisoft garantiu que seu conteúdo extra seja relevante e recompensador. Infelizmente nesse ponto é preciso novamente mencionar o recorrente erro da desenvolvedora ao não saber a hora de parar e fazer com que essas atividades, com sua execução repetitiva, acabem por sobrecarregar o jogador que decide fazer uma exploração completa do mapa.

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Syndicate, assim como a maior parte dos jogos Assassin’s Creed, foca em público que busca entretenimento muito mais que coerência ou maturidade e é preciso aceitar isso para usufruir de seus pontos positivos. Com suas pouco convincentes teorias conspiratórias e um gameplay que não faz nenhuma questão de fazer sentido ou mesmo se alinhar aos temas das missões, permitindo por exemplo, que durante um sequestro a vitima espere passivamente de lado enquanto eliminamos seus comparsas, o jogo pode até mesmo ser visto como uma paródia tanto do estilo stealth quanto dos acontecimentos históricos nos quais que se baseia. Ainda assim ele tem tudo para oferecer muitas horas de diversão àqueles que não se importem de fechar os olhos para suas contradições antes de se entregar a fluidez do gameplay.

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