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Histórias De Amor Que Não Pertencem A Este Mundo – Comédia italiana!

Histórias De Amor Que Não Pertencem A Este Mundo aborda os tumultos de uma relação

Histórias De Amor Que Não Pertencem A Este Mundo (Amori Che Non Sanno Stare Al Mondo) se insere em uma longa tradição cinematográfica italiana: a das comédias. Contando a história de Claudia (Lucia Mascino), uma professora de meia-idade inconformada com o fim abrupto de seu relacionamento amoroso, o novo longa-metragem da diretora Francesca Comensini contém a famosa mistura de humor, romantismo, sarcasmo, ironia e contexto social que tantos mestres da Sétima Arte, como Vittoria De Sica e Mario Monicelli, quando trabalharam dentro de gênero, souberam equilibrar tão bem.

Critica de Histórias de Amor que Não Pertencem A Este Mundo

Histórias de Amor que Não Pertencem A Este Mundo

No entanto, uma vez que, como disse o crítico Luiz Carlos Merten, “a comédia italiana é sempre uma tragicomédia”*, também há espaço para muita dramaticidade, decorrente, principalmente, dos possíveis distúrbios psicológicos da protagonista. É difícil dizer se Claudia age loucamente porque está perdidamente apaixonada ou porque sofre de problemas mentais. Aliás, essa indecisão, tão característica dos amantes extasiados, quando trabalhada ao lado de uma auto-ironia e comentários sarcásticos sobre os absurdos cometidos em nome da paixão, geram os melhores momentos do filme. A cena do banheiro, por exemplo, em que três mulheres lamentam os seus infortúnios amorosos, é um dos pontos altos.

*(Claro que esse conceito exclui produções como O Funcionário do Mês)

Contudo, sempre que a narrativa é exacerbada e o filme deixa de ter instantes absurdos para se transformar em uma comédia surreal, a produção se aproxima do risível. Todas as tentativas de quebrar a estrutura clássica, como aquela em que há a presença ilusória da protagonista em uma determinada cena ou a esquete vergonhosa em que o feminismo contemporâneo é satirizado – a vergonha não se dá em razão do conteúdo, mas pela maneira como ela é feita, com direito a uma dança que revela ser, claramente, uma solução fácil para finalizar a sequência -, são mal trabalhadas e passam a nítida impressão de terem sido incluídas apenas por um fetiche estético.

Critica de Histórias de Amor que Não Pertencem A Este Mundo

O mesmo vale para os instantes dramáticos mais isolados. Perpassando a maior parte da narrativa, a dramaticidade nunca deixa de estar presente. Com a exceção dos momentos em que ocorrem os exageros supracitados, ela se esgueira para que o filme nunca resvale para o auto-deboche. Não obstante, sempre que Comensini abraça completamente a intensidade dramática e o roteiro busca desenvolver o arco dramático de Cláudia, o longa abandona a irreverência e se torna uma comédia romântica tipicamente norte-americana, em que o drama é abordado superficialmente e as mensagens rotineiras de superação são acompanhadas por uma trilha sonora edificante.

A força de uma atriz

Todos esses defeitos, quando analisados conjuntamente, acabam por revelar que, se não fosse a performance impressionante de Lucia Mascino, a qual é uma tour de force visceral e emocional, os poucos instantes de qualidade provenientes do roteiro não seriam capazes de afastar Histórias De Amor Que Não Pertencem A Este Mundo da total descartabilidade, a mesma que relega as inúmeras produções dessa natureza realizadas anualmente nos Estados Unidos, Brasil e outros países ao completo esquecimento.

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