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Esta é a Sua Morte – Mais um passo maior que a perna!

Esta é a Sua Morte é a segunda incursão de Giancarlo Esposito na direção

Apesar da longa carreira de ator no cinema e na TV, Giancarlo Esposito passou a ser mais reconhecido a partir de sua marcante participação na série Breaking Bad, onde interpretou o frio e cruel Gustavo “Gus” Fring. Em 2008, arriscou-se pela primeira vez na direção com o drama Gospel Hill, no qual aborda as tensões raciais de uma pequena cidade norte-americana. O resultado dessa estreia é um filme irregular, sem ritmo, incapaz de desenvolver personagens complexos e camadas profundas. Agora, com Esta é a Sua Morte (This Is Your Death), ele tenta de novo.

Crítica de Esta é a Sua Morte.

Esta é a Sua Morte

Embora demonstre avanço em diversos pontos, Esposito, em sua segunda tentativa como diretor, ainda está longe de apresentar uma narrativa sólida e convincente. Talvez, em parte, porque insista em trabalhar com temas complexos, nos quais ética, moral e crítica social se misturam e tentam gerar reflexão e questionamento, mas que, novamente, não vão muito além da superfície e do caricato.

O alvo da vez são os reality shows. Adam Roger (Josh Duhamel, de Transformers: O Último Cavaleiro) é apresentador de um reality onde mulheres disputam a chance de se casar com um milionário. No episódio final da temporada, ao descobrir que perdeu a disputa, uma das finalistas saca uma arma e dispara contra os outros participantes.

A tragédia joga Adam em uma crise moral e o faz repensar seu papel como comunicador. Porém, a audiência de uma morte ao vivo na TV leva a diretora Ilana Katz (Famke Janssen, a Jean Grey da franquia original dos X-Men nos cinemas) a elaborar um formato de programa onde as pessoas possam se suicidar diante das câmeras. Em paralelo, Esposito interpreta Mason, um pai de família afetado pela crise econômica que se vê cada vez mais desesperado diante do risco de perder a casa onde vive com a mulher e os filhos.

Crítica de Esta é a Sua Morte.

Protagonista que não convence

A suspensão da descrença poderia ser um problema para um filme que mostra um programa de TV onde as pessoas vão para se suicidar de diferentes (e criativas) maneiras. Construir essa possibilidade em uma perspectiva de futuro distópico, como faz a série Black Mirror, poderia ser mais funcional. Mas o grande problema nesse sentido é seguir acreditando no seu protagonista.

Duhamel, apesar de uma atuação medíocre, não é o culpado aqui. É o roteiro e as cenas mal escritas que dificultam a construção de seu personagem. Ele começa bem e sua relação com a irmã mais nova até que funciona como arco dramático. Mas, à medida que ele vai se deixando levar pelo sucesso do programa bizarro, seu discurso para justificar o show se torna cada vez mais confuso e incoerente.

Em termos de personagens, a caricatura e o desequilíbrio são o que mais prejudica o filme. A chefe durona vivida por Janssem, insensível com a morte das pessoas e que só pensa na audiência é o tipo caricato por excelência. Já o Mason de Esposito parece existir apenas para que o diretor pudesse atuar. Especialmente porque todo o filme leva a crer que ele terá um determinado papel no desfecho da trama e, quando esse desfecho chega, é quase ridícula sua participação.

Crítica de Esta é a Sua Morte.

Evolução como diretor

No entanto, é preciso reconhecer que em termos de evolução, o diretor deu um passo adiante. Principalmente no ritmo da narrativa. Se na sua primeira tentativa fracassa em criar tensões e conduzir a história a um ápice crescente, aqui ele resolve essas questões de forma satisfatória, conduzindo a trama para uma conclusão que chega a ser impactante.

Ao tentar expor de forma crítica os programas de reality show, questionando aspectos como os limites do absurdo e dos abusos na exploração das desgraças alheias para conquistar audiência, Esta é a Sua Morte toca em um tema sempre atual e que merece ser problematizado constantemente. O mesmo se pode dizer do filme anterior dirigido por Esposito em relação às tensões raciais nos EUA.

O problema é que são temas que demandam uma subjetividade refinada e uma capacidade de trazer à tona complexidades de múltiplas facetas. Costurar um material tão rico não é fácil e exige muito preparo. Por isso, pode-se dizer que em ambos os casos, temos um exemplo clássico de pretensões que ultrapassam a capacidade de realização de quem dirige. Apesar da evolução como diretor, Giancarlo Esposito ainda se enquadra na expressão popular “dar um passo maior que a perna” quando escolhe as temáticas que vai abordar.

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