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Querida, Vou Comprar Cigarros e Já Volto

Após a realização do ótimo O Homem do Lado em 2009, os argentinos Mariano Cohn e Gastón Duprat retornaram em mais um drama/comédia de alto nível lançado no Brasil no ano passado, apesar de ser um filme de 2012. Querida, Vou Comprar Cigarros e Já Volto esteve presente no Festival de Cinema do Rio de Janeiro e não deixa de ser mais um ótimo exemplo da boa fase do cinema de nossos vizinhos. Algumas características lembram o filme anterior, principalmente o humor irônico. Os irmãos Coen assinariam embaixo…

Mesmo que a história tenha uma premissa de filme de ficção, é na verdade um pano de fundo para mostrar o pessimismo e a mediocridade do ser humano com humor afiado e inteligente que está se tornando uma marca de Cohn e Duprat. Talvez neste filme seja até mais evidente que o anterior a intenção de criar cenas divertidas em momentos de desgraça.

O filme é baseado em um conto do escritor argentino Alberto Laiseca que, inclusive, faz parte do elenco sendo o próprio narrador da história. Já no início ele narra algo interessante, a transformação de um homem comum em imortal. Com poderes para comandar tudo em sua volta, este homem decide ajudar um senhor chamado Ernesto. Faz uma proposta e lhe dá uma chance de voltar no tempo, há 10 anos atrás, com a conhecimento de seus 60 e poucos anos vividos até hoje. Aí cabe a pergunta, quem não não gostaria de voltar no tempo sabendo o que irá acontecer?

Querida, Vou Comprar Cigarros e Já Volto

Laiseca, autor e narrador da história

Assim, os diretores expõem a ideia de que mesmo com infinitas possibilidades, o ser humano faz escolhas medíocres e egoístas. As atitudes do homem demonstradas em ficção aqui, podem ajudar a trazer uma reflexão sobre a condição humana. Ernesto é este homem.

A história é até depressiva em partes, mas em diversos pontos diverte e muito. Contraponto interessante. Segue o trailer abaixo:

Entre personagens interessantes que perambulam pela história, talvez o maior acerto do filme é ter o próprio autor como o contador da história. Um narrador à moda antiga, com plena consciência da história, mas parcial e sem esconder os sentimentos pelos personagens.

A narrativa de Querida, Vou Comprar Cigarros e Já Volto tem desenvolvimento lento e pode não agradar a maioria (difícil ter certeza sobre isso), mas ainda assim, é criativo, diferente e bem executado por diretores que ainda não estão trabalhando em algo novo, mas parecem promissores.

 

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