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Mad Max: Estrada da Fúria – Esquente os motores e desligue o cérebro!

Mad Max: Estrada da Fúria foi comentado no Formiga na Cabine!

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Três décadas depois do último filme da trilogia, o diretor George Miller (de Babe, o Porquinho Atrapalhado e Happy Feet) retorna às suas origens com mais motores, mais gasolina, mais areia e mais lenga-lenga em Mad Max: Estrada da Fúria. Não é de hoje que Hollywood sofre de uma terrível crise criativa. Como se isso não bastasse, para ajudar na preguiça e falta de coragem de investir em projetos originais, as adaptações e continuações têm gerado retorno rápido e garantido. Quando o filme é bom, ótimo para nós espectadores, mas quando tentam nos enfiar goela abaixo uma continuação tardia que – além de desnecessária – não traz absolutamente nada de novo, aí a sensação de gosto amargo permanece na boca durante um bom tempo.

Mad Max Estrada da Fúria

Mad Max: Estrada da Fúria não pára, mas não possui ritmo. As cenas de ação são sempre grandiosas e acontecem do início ao fim, deixando o espectador anestesiado, cansado e surdo. Aqui, não há nenhuma preocupação em criar um aumento de tensão até chegar no clímax do terceiro ato. Aliás, é até complicado falar sobre atos, em um longa onde o roteiro tem como única finalidade gerar um pretexto para a perseguição se desenrolar de maneira rápida e frenética. Resumindo: Imperatriz Furiosa foge com algumas “noivas” de Immortan Joe, um tirano que controla uma sociedade no meio do deserto. Por acaso, Max foi capturado pelo grupo do vilão, que sai em perseguição à fugitiva. Já é possível sacar que a causa de Furiosa é justa e que Max – relutante – acabará por ajuda-la, não?

Max e as "noivas" de Immortan Joe!

Max e as “noivas” de Immortan Joe!

Tudo bem que quem espera um roteiro extremamente profundo em um filme de Mad Max não deve bater muito bem da cabeça, porém, se a ideia é criar somente uma situação simplista para desencadear ação, por favor, façam um curta-metragem e poupem nosso tempo. Falando em tempo, depois de tantos anos do lançamento do último filme – Mad Max 3: Além da Cúpula do Trovão (1985) –, é de se esperar que haja algo de novo. Não apenas na modernização dos efeitos visuais, mas elevar os conceitos e arriscar coisas novas. George Miller teve um deserto inteiro e uma estrada longa para testar uma direção nova e entregar um filme de perseguição diferente. Infelizmente, o que acabamos por ver são apenas cenas de ação sucessivas filmadas do jeito picotado e pirotécnico de sempre. Alguns veículos só explodem quando é conveniente que explodam, enquanto outros ficam protegidos pela aura dos protagonistas que neles estão.
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É claro que revendo a trilogia Mad Max, percebemos que o longa se encaixa perfeitamente. Entretanto, além da qualidade dos filmes antigos ser um tanto questionável, a espera por uma continuação foi tamanha que uma renovação poderia – e deveria – trazer um novo e agradável frescor para a franquia.

Outra decepção que o filme traz é o desperdício de seus intérpretes. Tom Hardy já provou ser um ator de alto calibre, conforme o filme Bronson de Nicolas Winding Refn – entre outros – já mostrou o grande potencial do sujeito, mas como Max Rockatansky ele é diminuído a caretas e voz rouca. Até há uma tentativa de aprofundar o personagem trazendo as dores do passado em flashes de alucinação, mas é uma tentativa pífia. Charlize Theron faz sua Imperatriz Furiosa durona e inexpressiva. Não teria como ser de outro jeito, já que a personagem foi criada somente para pilotar um caminhão. Até existe um momento dramático em que ela cai de joelhos chorando suas mazelas. O problema nesse momento é, como se não bastasse não haver empatia nenhuma, uma trilha incidental piegas aumenta seus violinos chorosos tornando a cena o mais clichê possível. Talvez, a única coisa “bacana” que posso falar sobre o elenco é que o vilão Immortan Joe é vivido por Hugh Keays-Byrne, que interpretou Toecutter, o chefe da gangue maligna, no primeiro filme de 1979.

Hugh Keays Byrne como Toecutter e Immortal Joe

Hugh Keays Byrne como Toecutter e Immortan Joe!

Nem tudo é ruim. Uma grande qualidade que o filme apresenta é a direção de arte. É possível notar que todos os carros, caminhões e motocicletas são montados a partir de carcaças, motores e funilaria de veículos mais antigos. Junto com acréscimos de correntes, armadilhas, armas e espinhos, tais elementos dão personalidade e vida própria à essas máquinas que permeiam toda a franquia Mad Max. Os efeitos práticos – há muitos efeitos digitais, mas a maior parte foi feita de maneira “tradicional”– são dignos de atenção e merecem parabéns em uma época que vemos muito pouco disso. É uma grande pena que o restante da obra acabe por não fazer jus a esse maravilhoso design de produção.

Direção de Arte é a grande - e única - qualidade do filme

Direção de Arte é a grande – e única – qualidade do filme!

Mad Max: Estrada da Fúria é tedioso, comum e descerebrado. Infelizmente, mesmo depois de 30 anos, George Miller não evoluiu nada além dos filmes infantis.

 

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