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O Exterminador do Futuro: Gênesis – Ah, o tempo…

O Exterminador do Futuro: Gênesis foi comentado no Formiga na Cabine!

O Exterminador do Futuro: Gênesis

Muita gente concordaria que dentro da franquia O Exterminador do Futuro o terceiro e o quarto filmes são bem descartáveis. Em 2003, A Rebelião das Máquinas trouxe Arnold Schwarzenegger de volta, para em 2009 investir em algo diferente com Salvação, enfocando um John Connor crescido e já lidando com o peso da liderança. Repetindo o intervalo de seis anos, temos agora mais um filme, desta vez com o envelhecido astro ausente no anterior, procurando deixar claro, nas entrevistas de divulgação, que o retorno a esse universo seria algo especial.  Prática comum que não convence mais ninguém (espero).

Assim chegou O Exterminador do Futuro: Gênesis (Terminator: Genysis), cujo nome já é uma promessa de recomeço, procurando tornar a franquia novamente reconhecível para os fãs, ao mesmo tempo em que cria novas possibilidades a explorar. Na verdade, novas possibilidades significam “continuações “ dependendo do lucro gerado, e aí já começa um problema. Deixando de lado o hábito pouco ousado da reciclagem hollywoodiana, o próprio conceito original de O Exterminador do Futuro acaba se reciclando de uma forma um tanto descarada, algo que fica provado na comparação dos dois primeiros filmes – verdadeiramente bons – com os seguintes.

O Exterminador do Futuro: Gênesis

O raciocínio é o seguinte; no original tínhamos a vida de Sarah Connor em risco, pois se fosse morta não daria a luz à John Connor e a resistência humana do futuro contra as máquinas praticamente não existiria. Em sua continuação, tínhamos a vida do próprio John adolescente ameaçada, mas o escopo da trama ganha outras dimensões, quando o objetivo se torna também impedir O Dia do Julgamento e o domínio das máquinas. Ótima sacada! O que mais haveria além disso? Terceiro e quarto exemplares que não valem muito, conforme já citado. Apesar da ideia interessante de que a hecatombe aconteceria de qualquer forma, ela é empurrada de uma forma indigesta, meio que nos informando que o esforço empregado no segundo filme “não valeu”. Com Gênesis, os heróis se encontram em busca de impedir… O Dia do Julgamento! Por que se importar, se você já viu isso antes em uma época em que era novidade? Ótima pergunta…

Esta nova trama se inicia no futuro, explicando a condição da humanidade ao espectador, mostrando o primeiro encontro entre John Connor (Jason Clarke) e Kyle Reese (Jai Courtney), soldado que no filme original vinha ao passado proteger Sarah do Exterminador, acabando por tornar-se o pai de seu futuro comandante. Este paradoxo, marca registrada da série, é o ponto de partida para o roteiro de Laeta Kalogridis (Alexandre, A Ilha do Medo) e Patrick Lussier (Fúria Sobre Rodas) criar versões alternativas dos personagens conhecidos. Quando Reese chega a 1984, encontra uma Sarah Connor (Emilia Clarke) bem diferente do que esperava, graças a outra intervenção temporal desconhecida, que a colocou sob a proteção de um velho conhecido modelo T-800, vivido por ninguém menos que Schwarzenegger, cuja explicação para o envelhecimento vem do tecido vivo que recobre sua carcaça metálica, deteriorando-se muito mais lentamente que um humano.

Alívios cômicos demais!

Alívios cômicos demais!

Como originalmente a guerra eclodia em 1997, a confusão temporal – estilo De Volta para o Futuro 2 – acaba trazendo o evento para mais perto do nosso presente, insinuando uma crítica a esta era de Smartphones. É até interessante como premissa, mas não vai muito além desta boa impressão. Alan Taylor (Thor: O Mundo Sombrio), depois de uma bela carreira na TV, assumiu a direção de mais um filme que dificilmente lhe deu liberdade para colocar em prática alguma visão própria. O resultado são escolhas equivocadas, como Emilia Clarke – que se sai muito melhor na série Game of Thrones – escalada para um papel de durona, assim como os alívios cômicos partirem, em sua grande maioria, do improvável Arnold. Forçando ainda mais, a quantidade de tiradas que o ciborgue solta é enorme, além de outras reações questionáveis para uma máquina, prejudicando muito a seriedade da situação e honrando a sua classificação PG-13.

Ainda na questão do roteiro, é doloroso ver um ator como J. K. Simmons, cuja performance fantástica em Whiplash ainda está fresca em nossas memórias, como um personagem que não acrescenta absolutamente nada à trama, aparecendo e sumindo do nada. Somando isso aos diálogos risíveis, trazendo várias frases conhecidas da série, fica difícil levar a coisa a sério, ainda mais com um uso incômodo de CGI, que só funciona de verdade quando usado para exibir as capacidades dos Exterminadores. Sobra a nostalgia de ver Schwarzenegger em ação, mas isso e todos os outros bons momentos do filme acabaram diluídos na histérica campanha, com trailers que mostraram demais, revelando até mesmo a grande virada da trama. Se você evitou o contato com essas prévias, tem grandes chances de divertir-se mais.

Mais um modelo T-1000!

Mais um modelo T-1000!

Chegando aos momentos finais, O Exterminador do Futuro: Gênesis assume, na maior cara-de-pau, que mais vale manter o produto vivo do que contar uma boa história com coerência, e ainda faz questão de reiterar a afirmação com uma cena pós-créditos descarada. Em algum ponto do texto, você pode ter se perguntado se a missão do filme é bem-sucedida, mas isso nem importa mais, pois viagem no tempo é uma bela desculpa para arrancar mais uns trocados no futuro.

P.S.: Em repúdio aos spoilers na campanha do filme e respeitando o possível espectador, optamos por não seguir neste caso a prática comum do site, colocando o trailer no final de cada texto!

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