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Batman: A Piada Mortal – Quem ri por último?

Batman: A Piada Mortal foi comentado no Formiga na Cabine!

A Piada Mortal

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Mais uma animação adaptada diretamente de uma obra fechada, além de clássica, dos quadrinhos da DC. Batman: A Piada Mortal (The Killing Joke), álbum respectivamente escrito e ilustrado pelos geniais Alan Moore e Brian Bolland, não poderia contar com a participação das mentes que a conceberam, então foi um projeto alavancado pela presença de outros nomes de peso, para sempre associados às animações com os personagens da editora. Bruce Timm veio a bordo acompanhado de Alan Burnett, outra personalidade influente na casa. Muito animador, mas talvez esses dois não tenham participado tanto quanto poderiam, já que o crédito do primeiro é como produtor executivo e o segundo como co-produtor.

Já a estrela dos quadrinhos Brian Azzarello (100 Balas e O Cavaleiro das Trevas III) colocou a mão na massa de fato, pois foi o encarregado de adaptar o roteiro dos quadrinhos para uma animação de 76 minutos, duração padrão. Tarefa inglória esticar uma trama curta para ajustar-se em um longa, ainda mais tratando-se de um material deste quilate. Falando bem sinceramente, acredito que uma boa parte da graça se perde quando se adapta uma obra fechada tão fielmente como nos casos das animações da DC. O motivo é o conhecimento antecipado dos pontos de virada e do final, mas essa é uma impressão bem pessoal.

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Em A Piada Mortal, aqueles que compartilham minha impressão podem surpreender-se positivamente na primeira metade da narrativa, pois Azzarello criou todo um pano de fundo e um conflito psicológico que coloca os holofotes em cima de Barbara Gordon/ Batgirl. Vemos a jovem inexperiente tentando impressionar Batman, que já a aceitou como aprendiz, mas procura domar o ímpeto da moça que a coloca em perigo. Também existe um pouco sutil interesse romântico da parte dela, mas não pesa.

Durante esse começo, é possível que algumas pessoas até esqueçam que se trata de uma adaptação da HQ de Moore e Bolland, tamanha distância conceitual e narrativa da obra original. Até uma narração da personagem foi incluída. Outros podem começar a especular mentalmente sobre os rumos deste preâmbulo, se houve alguma mudança mais radical para que aquilo, em algum momento, se transforme naquela trama que os fãs de quadrinhos conhecem muito bem. De qualquer forma, deixando de lado essa fuga do foco original, esse é um segmento interessante e bem desenvolvido.

A Piada Mortal

Quando finalmente entramos em A Piada Mortal de fato, a sensação é que acabou um filme e começou outro. A identidade narrativa da primeira metade  é descartada – sai o recurso da narração e entra o flashback – e começa a história do Coringa tentando provar seu argumento sobre a loucura. “Basta um dia ruim…” era essencialmente o que o vilão afirmava sobre a fragilidade da sanidade, que era um ponto central na graphic novel. Evidentemente, isso é atenuado pelo peso maior dado a Barbara Gordon, além de outras ambiguidades que ficam em segundo plano, infelizmente.

O diretor Sam Liu já entregou animações superiores, como Batman: Ano Um e o recente Liga da Justiça: Deuses e Monstros (a websérie que serve de prelúdio para o longa também é dele). Inexplicavelmente, aqui ele optou por ignorar o que a HQ tem de cinematográfico, como as transições entre presente e passado utilizando composições semelhantes. A participação maior da gangue do Coringa também não acrescenta nada, chegando a atrapalhar a construção do clima. Ainda existe outra adição que atenua ainda mais o peso de um texto como esse. Você perceberá, tenho certeza.

A Piada Mortal

No quesito animação, mesmo que alguns personagens pareçam travados em um ou outro momento, temos aquele padrão conhecido que não decepciona, embora a primeira metade seja um pouco melhor no visual geral. A grande sacada, no entanto, está em trazer volta Kevin Conroy e Mark Hamill para as vozes de Batman e Coringa. Além de criar uma ligação interessante com The Animated Series, a carreira dos dois já se confunde com esses personagens e não precisam de muito esforço para o trabalho. A voz de Hamill traz uma impressão de escárnio muito adequada, valorizando um conjunto irregular.

Batman: A Piada Mortal não é ruim, mas não aproveita todo o potencial de sua fonte. Diverte e frustra em doses variadas. Nada que fará alguém arrepender-se de assistir, ou de comprar o DVD ou Blu-ray, no caso de quem coleciona, mas uma animação com Brian Azzarello, Bruce Timm e Alan Burnett no meio, adaptando um texto de Alan Moore*, prometia algo além.

*Uma risada ecoa em Northampton neste momento…

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