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A ciência de ROBOCOP (PARTE 1)

Há alguns dias, o site Collider publicou um artigo interessante sobre o policial do futuro. Como a boa ficção científica sempre tem um pé na nossa realidade presente, o texto de Dave Trumbore analisa o quanto do ciborgue do cinema já pulou da imaginação para a vida real. Já que o filme de José Padilha estreia nesta semana, prometendo ser bastante comentado, a  equipe FORMIGA ELÉTRICA publica o artigo traduzido e na íntegra!

Os números no meio do texto são links para as referências bibliográficas, seguindo o original. Divirtam-se!

A versão de ROBOCOP de José Padilha é mais simplificada e tática do que a armadura desajeitada e pesada do original de 1987, mas estamos mais próximos de ver essa tecnologia cibernética na realidade? Claro, pois tivemos quase trinta anos de avanços em computação, armamento, comunicações, técnicas cirúrgicas e próteses – todos os campos necessários para criar o super-soldado ciborgue –  mas é o desafio logístico combinar cada um desses avanços juntos, em uma unidade coesa, que tem se mostrado extraordinariamente difícil. Então, enquanto ROBOCOP faz tudo parecer fácil nas telas esse ano, venha conosco para descobrir quão perto (ou longe) estamos de ver essa tecnologia de verdade.

Estrelando Joel Kinnaman, Abbie Cornish, Gary Oldman, Michael Keaton, Jackie Earle Haley, Michael K. Williams, Jennifer Ehle, Jay Baruchel, Marianne Jean-Baptiste, and Samuel L. Jackson. ROBOCOP estreou nos Eua em 12 de fevereiro e chega ao Brasil na próxima sexta, dia 21.

No ano de 2028, a Omnicorp já dominou o mercado global de maquinário militar, mas quer trazer sua tecnologia para os mercados urbanos. Eles decidem explorar brechas legais e sondar a opinião pública quanto a colocar um homem dentro da máquina. Isso, resumindo, é a gênese de ROBOCOP. Enquanto eu espero os avanços biológicos e tecnológicos de 2028, ainda longe da nossa atual pesquisa de ponta, o desafio verdadeiro está em desenvolver sinergia entre sistemas orgânicos e inorgânicos. Um ciborgue totalmente funcional que mantém emoções humanas e cognição seria o auge desta área de pesquisa. Vamos dar uma olhada no que está realmente disponível, começando pela cabeça e trabalhando de cima para baixo.

CABEÇA ERGUIDA:

Já que Alex Murphy era um ser humano fisicamente apto, antes de ser ferido no cumprimento do dever, não vamos apenas nos concentrar em tecnologia moderna e armamento, mas também em cirurgia de ponta e medicina regenerativa. A cabeça, obviamente, contém o centro nervoso do corpo, sem o qual a vida como conhecemos não existiria. Há tentativas em andamento para regenerar neurônios no cérebro usando células-tronco e injeções com a finalidade de reverter ou estagnar desordens neurodegenerativas, (1) mas pelo bem do argumento, vamos supor que as faculdades neurológicas de Murphy permaneceram intactas. Afinal, ele precisará delas para controlar seus novos membros e processar a nova forma de dados passando por seu H.U.D. (Heads-Up Display*).

(O Heads-Up Display é uma ferramenta inicialmente desenvolvida para utilização em aeronaves visando a fornecer informações visuais ao piloto sem que este tenha que desviar os olhos do alvo à frente da aeronave.)

A ideia do H.U.D. não é nova, mas a tecnologia desenvolvida para ele e acessível através dele está crescendo cada vez mais complexa e conectada (alguém lembrou do Google Glass?). Somado a rádios e GPS, os soldados de hoje possuem capacetes com câmeras, que apresentam conexão via satélite ao vivo para envio de informação operacional. Alguns são até mesmo equipados com processamento de imagem hiperespectral, que rastreia pessoas ou objetos através de uma impressão digital química única, ao invés de depender de uma confirmação visual.(2) Essas ferramentas são apenas uma amostra das que são usadas pelos SEALs em sua caçada a Bin Laden, então fazer esse salto de uso militar para aplicação da lei não é de todo absurdo.

OLHA O CORAÇÃO:

Se o cérebro é a prioridade número um, o coração vem logo em segundo. Juntamente com as já citadas células-tronco, usadas em tratamentos regenerativos, pesquisas atuais que integram tecido orgânico com circuitos desenvolveram “circuitos ciborgues”, que podem crescer dentro dos órgãos. Esses avanços podem criar um tipo de check-up interno a partir de circuitos dentro do seu coração, ou mesmo serem conectados aos músculos ou ossos para garantir força sobre-humana.(3)

Enquanto a ciência está trabalhando duro para reparar o interior do corpo, o exterior precisa de proteção também, especialmente no ramo de trabalho de ROBOCOP. Em apenas alguns poucos anos, o exército dos Eua espera que seja criado um novo traje que integre uma série de características, incluindo nanotecnologia e armadura líquida. Chamada de “Warrior Physiological Status Monitoring System” (Sistema de Monitoramento do Estado Fisiológico do Guerreiro), essa camada do traje, mais próxima do corpo, contém sensores que monitoram indicadores fisiológicos (como batimento cardíaco, pressão arterial e hidratação) e retransmite a informação para os médicos e comandantes. A armadura é uma camada de fluido magnetoreológico que endurece com a aplicação de um pulso elétrico. Esses aprimoramentos são apenas alguns dos que estarão nos campos de batalha de 2020. (4)

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